Cardeal da resistência

Ministros do STF prestam homenagem ao centenário de dom Paulo Evaristo Arns

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23 de setembro de 2021, 20h42

Na sessão do Supremo Tribunal Federal da quarta-feira (22/9), o ministro Dias Toffoli prestou homenagem ao centenário de nascimento de dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), celebrado no último dia 14 de setembro.

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Morto em 2016, dom Paulo Evaristo Arns teve atuação destacada no processo de redemocratização do país
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O cardeal é conhecido por sua contribuição na luta pela redemocratização, pelos direitos humanos e pela redução das desigualdades no país. "Um homem de ação, de esperança e, acima de tudo, um exemplo que inspira e que deve continuar a inspirar todos nós", disse Toffoli.

Entre outros feitos, o ministro lembrou que Arns, "com coragem", denunciou tortura e assassinatos nos anos 1970, durante a ditadura militar, e, com a Comissão Justiça e Paz, realizou o projeto "Brasil: Nunca Mais", "para que não mais voltemos às trevas".

Segundo o ministro, dom Paulo foi um guerreiro na luta para erradicar a pobreza, diminuir a desigualdade e promover o bem comum, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. "Que os tempos de polarização e de ruído em que vivemos não nos tirem do caminho que dom Paulo indicou ao longo de toda sua vida", concluiu.

Homenagens supremas
O ministro Alexandre de Moraes lembrou que teve a oportunidade de conviver com dom Paulo quando foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo. "Ele sempre teve uma atuação muito direta na questão dos direitos humanos e se mostrou um grande exemplo brasileiro para todos nós", afirmou.

O ministro Luís Roberto Barroso lembrou que a primeira vez em que ouviu falar em dom Paulo foi em outubro de 1975, quando o cardeal celebrou o culto ecumênico em memória do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura em um comando do 2º Exército em São Paulo. "Esse foi um dos momentos que mais marcou a minha vida e a minha compreensão do Brasil para, naquele dia, desejar um país diferente daquele que permitia que fatos como esse acontecessem, e que se repetiram pouco depois, com a morte do operário Manoel Fiel Filho", disse.

Também o ministro Edson Fachin celebrou o centenário do sacerdote. Para ele, a homenagem é oportuna e merecedora a todos os títulos. Para o ministro Ricardo Lewandowski, dom Paulo "foi uma das grandes lideranças em defesa dos direitos humanos e um dos grandes responsáveis pela abertura política que logramos alcançar nos anos 1980".

Por fim, o ministro Gilmar Mendes cumprimentou o ministro Dias Toffoli pela iniciativa de lembrar dom Paulo Evaristo Arns "em um momento tão delicado da vida nacional".

Ao se associar à homenagem, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, disse que o momento o fez relembrar a morte de Vladimir Herzog e assinalou que, recentemente, foi lançado um documentário sobre aquele momento, que mostra que o sofrimento da família perdura até hoje. Com informações da assessoria do STF.

Clique aqui para ler na íntegra a homenagem de Toffoli

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