Homicídio premeditado

Júri de Nova Iguaçu condena viúva e policial por morte de embaixador grego

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30 de agosto de 2021, 19h00

O tribunal do júri da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu condenou Françoise de Souza Oliveira e o policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho pela morte, em 2016, de Kyriakos Amiridis, então embaixador grego no Brasil.

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StokketeViúva e amante foram condenados à prisão por morte de embaixador grego no Brasil

Françoise, que era esposa do embaixador, foi condenada a 31 anos de reclusão, e Moreira Filho, a 22 anos, inicialmente em regime fechado. Eduardo Moreira Tedeschi de Melo, parente de Moreira Filho, foi absolvido da acusação de homicídio, mas condenado por ocultação de cadáver a um ano de reclusão, em regime aberto. Ele já cumpriu sua pena.

O julgamento teve duração de três dias e foi presidido pela juíza Anna Christina da Silveira Fernandes. No total, foram ouvidas 18 testemunhas.

"As circunstâncias do crime são atípicas, vez que ele foi executado durante a época das festas natalinas, onde há uma natural aproximação das famílias, sendo que, nesse caso, esta família foi esfacelada diante de uma brutalidade que mais se aproxima a um ato bestial", apontou a juíza.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Françoise, viúva do embaixador, planejou, com o amante e policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, o assassinato de Kyriakos Amiridis. O crime, segundo o MP-RJ, foi cometido com objetivo de se beneficiar da futura administração da herança da vítima e da pensão que seria recebida pela filha de Amiridis com Françoise, que à época tinha dez anos. O policial ainda foi ajudado por Eduardo Melo, disse a promotoria.

"É sempre bom lembrar que ele (Sérgio Gomes Moreira Filho) jurou defender a sociedade e não se insurgir contra ela. Valeu-se o acusado dessa condição, de policial militar, para que pudesse executar o crime, desonrando a briosa e toda a confiança nele depositada pelo Estado. (…) A acusada (Françoise), que se autodenomina de embaixatriz, manchou o nome do Estado brasileiro e envergonhou a nação com sua conduta, diante da negativa repercussão internacional dos fatos. Além disso, o crime foi meticulosamente pensado, premeditado, pois conforme os depoimentos colhidos, a acusada planejou e arquitetou, sendo a mandante de toda a trama macabra", observou a juíza na sentença.

O crime
Na noite de 26 de dezembro de 2016, Françoise ausentou-se do apartamento em Nova Iguaçu, onde vivia com o diplomata e a filha do casal, com o objetivo de deixar Kyriakos Amiridis sozinho na residência, destacou o MP-RJ na denúncia.

Segundo o órgão, ela passou, então, a manter contato telefônico com Sérgio Gomes Moreira Filho, que aguardava com Eduardo Melo em frente ao prédio do embaixador, já com as chaves do imóvel fornecidas pela amante. Eles permaneceram uma hora em frente ao apartamento controlando a movimentação do diplomata, com o objetivo de surpreendê-lo. Quando Kyriakos Amiridis estava sentado sozinho no sofá, de costas para a entrada do cômodo, eles o atacaram, disse o MP-RJ.

O trio retirou o cadáver do local, ressaltou a promotoria, colocou em um carro e, no dia seguinte, o atirou de uma ribanceira às margens do Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu, ateando fogo no veículo em seguida.

Além do homicídio duplamente qualificado e da ocultação de cadáver, Françoise e Moreira Filho foram também condenados por fraudes processuais, pois apagaram os registros de conversas no telefone, incendiaram o carro onde estava o corpo e tentaram apagar as imagens das câmeras de segurança.

Eduardo Melo foi absolvido do crime de homicídio porque, ao final da instrução, ficou demonstrado que ele somente teria ingressado na residência depois que o embaixador foi assassinado por Sérgio Gomes Moreira Filho. Por isso, foi condenado apenas no crime de ocultação de cadáver, uma vez que as câmeras de segurança do condomínio o flagraram ajudando o policial a colocar o corpo da vítima no veículo utilizado no crime. Com informações das assessorias do TJ-RJ e do MP-RJ.

Processo 0012463-23.2016.8.19.0029

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