"Violência jurídica"

Advogado de Lula diz que ex-presidente é "troféu ilegítimo da lava jato"

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3 de novembro de 2019, 16h31

O advogado do ex-presidente Lula Cristiano Zanin Martins disse em entrevista ao UOL que a prisão do petista é um "troféu ilegítimo da lava jato". Para Zanin, Lula é vítima de "violências jurídicas e humilhações". "A 'lava jato' sempre fez de Lula um troféu. Dentro do devido processo legal, da boa aplicação das leis, ela jamais poderia ter obtido esse troféu. Ela obteve o troféu de forma ilegítima e não quer devolver", disse.

Moizes Mendes
Moizes MendesAdvogado de Lula disse que "lava jato" não deixará legado positivo ao país

Antes do ex-presidente migrar para o regime semiaberto, o advogado defendeu o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do pedido de suspeição de Sergio Moro, o que poderia anular as condenações de Lula. "Nós entendemos que a progressão de regime é um direito. O ex-presidente Lula tomou a decisão de não exercer esse direito porque ele está vinculado a um processo ilegítimo. Não há como obrigá-lo a progredir se ele não quer exercer esse direito", disse.

Zanin defendeu que o STF mude o entendimento para proibir a prisão após condenação em segunda instância, para restabelecer a "presunção de inocência em sua plenitude", mas não sabe como Lula vai reagir a essa decisão e se o ex-presidente aceitaria deixar a cadeia mesmo sem a nulidade de sua condenação no caso do triplex do Guarujá.

O advogado acredita que há, neste momento, maior "sensibilidade" à situação de Lula, com vitórias recentes nos tribunais após anos tentando mostrar que o ex-presidente não teve direito a um "processo justo". Ele atribuiu essa mudança a alguns fatores, tais como a "vaza jato" e o livro do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que mostraram "que a "lava jato" foi uma perseguição, uma verdadeira cruzada, contra Lula".

"É uma ilusão achar que a 'lava jato' estaria buscando reparar seus próprios erros. O que eu vejo é um processo de contenção de danos. A 'lava jato' foi desmascarada pelas nossas iniciativas, pela 'vaza jato' e por outros fatos. O que seus agentes buscam é tentar preservar uma parte maior dos processos contra o ex-presidente. Para isso, eles vêm adotando algumas posturas que parecem querer beneficiar o ex-presidente Lula, mas não se trata disso", completou.

Ainda na opinião de Zanin, a "lava jato" não deixará legado positivo ao país. Pelo contrário, ficará marcada, segundo ele, pela atuação ilegal de agentes públicos.

"O ex-juiz Sergio Moro não foi imparcial, os procuradores não agiram dentro dos parâmetros e, além disso, ficou evidenciada uma motivação política". "É impossível dissociar as ilegalidades e arbitrariedades praticadas pela 'lava jato' de um eventual aspecto positivo que a operação poderia ter deixado para o país", concluiu.

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