"Vaza jato"

Preservaremos relação entre jornalistas e procuradores da "lava jato", diz Greenwald

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21 de agosto de 2019, 14h54

O jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, não deve publicar trocas de mensagens entre jornalistas e procuradores de "lava jato". Em entrevista ao jornalista Morris Kachani, cujo blog fica hospedado no Estadão, Greenwald disse que, em respeito ao sigilo da fonte, terá mais cuidado com as mensagens envolvendo jornalistas e procuradores, embora as conversas estejam sendo usadas para checar a autenticidade do material. "Não queremos invadir o relacionamento entre jornalistas e fontes." 

Lia de Paula/Agência Senado
Glenn Greenwald afirma que se espantou como o material que obteve mostra Moro violando constantemente o papel de juiz. Lia de Paula/Agência Senado 

Desde junho, o Intercept vem divulgando mensagens trocadas entre procuradores da "lava jato" e o ex-juiz Sergio Moro. Greenwald lembra na entrevista que era um defensor da operação "lava jato", e chegou a fazer uma palestra falando da investigação com o procurador Deltan Dallagnol na plateia. Seu posicionamento mudou quando teve acesso às conversas entre Moro e os procuradores. 

"Como alguém que defendeu anteriormente Moro e 'lava jato' no passado, fiquei surpreso com a medida em Sergio Moro violava de forma contínua e irresponsável o papel de juiz e constantemente colaborava com os procuradores", disse. 

O jornalista disse acreditar que a operação "fez coisas muito importantes para o país e deve continuar fazendo" e que o trabalho jornalístico que esta fazendo irá fortalecer a investigação. 

"Quem prejudicou a 'lava jato' foram o próprio Sergio Moro e os procuradores, mas acredito que o trabalho da operação tem que continuar", afirma. 

O criador do site The Intercept Brasil afirma que o arquivo inteiro que teve acesso é maior que o arquivo do caso Snowden, que, naquela época, era o maior arquivo da história do jornalismo. 

Sobre as ameaças que recebe do presidente Jair Bolsonaro, Greenwald diz confiar na Justiça do Brasil: "Quando tanto o presidente quanto o ministro da Justiça acusam você e seus colegas de crimes, a ameaça é real. Ao mesmo tempo, saí do Brasil há duas semanas e poderia ter ficado nos EUA e feito as reportagens de lá. Voltei porque confio que o Judiciário brasileiro irá impor e proteger as garantias de liberdade de imprensa na Constituição". 

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