Ideias do Milênio

"Noticiários devem rever modo de apresentar seu conteúdo"

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9 de maio de 2014, 8h00

Entrevista concedida pelo filósofo britânico Alain de Botton, autor do livro As notícias, ao jornalista Jorge Pontual, para o programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira. 

Reprodução/GloboNews
Alain Botton [Reprodução/GloboNews]Vírus africano pode se espalhar pelo Brasil. Pacientes que nasceram sem vagina ganham órgão feito com suas células. Pedra gigante no alto da montanha desafia a gravidade em Myanmar. Cai imposto de importação de silicone. Jovem é baleado na cabeça durante roleta russa. Ex-líder estudantil tem anistia post mortem. Britânico é condenado por incinerar esposa. Moscas evitam ataques usando táticas de jatos militares. Pescador acha vibrador em bacalhau. Estas manchetes e muitas, muitas outras, chegaram exatamente no mesmo minuto a um dos sites mais visitados na internet. Então uma boa ideia do que é hoje o universo avassalador das notícias, excesso de informação, falta de sentido. Quem alerta é o filosofo britânico Alain de Botton, seu último livro As notícias, é um manual do usuário, como manter a sanidade mental diante dessa enxurrada, como separar o que é novo, do que é realmente importante. De passagem por Nova York, Botton falou ao Milênio sobre uma nova doença: ser viciado em notícia.

Jorge Pontual — Eu sou viciado em notícias, não consigo parar. Não consigo me livrar desse hábito de verificar o celular sempre. E a coisa só piora, vai ficando uma loucura. Quais são as suas soluções para pessoas como eu?
Alain de Botton Acho que o primeiro passo é reconhecer que esse é um grande desafio da nossa época. Muitas pessoas dizem: “Há algo de errado comigo. Eu olho meu celular o tempo todo.” As pessoas acham que isso é a culpa delas, mas é culpa do tempo em que vivemos. É um problema generalizado. Todos o têm. Nos casais, a mulher reclama com o marido: “Por que você vive olhando o celular?” O marido reclama com a mulher. Achamos que é um problema local, mas é uma obsessão internacional. Isso é mais viciante do que drogas, porque… Acho muito difícil se concentrar na pessoa que está com você, se concentrar em si mesmo, e as notícias têm muito prestígio. “As notícias!” Com uma música de fundo. “As manchetes de hoje!” Elas nos dizem que são mais importantes do que nós. “Há notícias de última hora em algum lugar do mundo. Desastres, tufões etc.” E nós deixamos de lado nossos próprios interesses para correr atrás das notícias. Não estou dizendo que as notícias nunca sejam importantes, mas os indivíduos precisam encontrar um equilíbrio entre as suas notícias, as notícias de quem o rodeia, e as notícias do mundo exterior. Antes era mais fácil, pois as notícias apareciam uma vez por dia, no jornal. Você lia em 20 minutos, e pronto. Hoje elas competem com a nossa vida, e temos que levar isso a sério. Ninguém nos avisa disso. É como quando os carros surgiram. Várias pessoas morriam nas estradas, pois ninguém conhecia as regras de trânsito. Nós temos que começar a traçar regras para saber quando isso tudo pode nos prejudicar ou nos ajudar.

Jorge Pontual — O meu problema é que eu sinto falta da animação, da excitação que as notícias me dão. Eu sei que às vezes é algo vazio — na maioria das vezes — mas é excitante.
Alain de Botton — Os seres humanos são muito programados, praticamente programados biologicamente, para associar a notícia ao importante. Mas as notícias só podem ver o que acontece agora, deixando passar várias outras coisas. O que nós queremos não são notícias, são coisas importantes. Queremos saber o que é importante para nós e para nosso país, e isso não é necessariamente o que aconteceu há 10 minutos, pode ter acontecido há muito tempo. E precisamos nos treinar para entender isso. Se eu fosse diretor do seu canal de TV de notícias, eu diria: “Não vamos nos focar sempre no que aconteceu hoje. Às vezes vamos trazer notícias boas de 100 anos atrás, porque são elas que importam para as pessoas hoje. Elas são mais relevantes do que o que aconteceu hoje.”

Jorge Pontual — As pessoas que estão assistindo a esta entrevista estão vendo um filósofo falando sobre as notícias, refletindo sobre as notícias, parando para essa reflexão, mas há uma barra de notícias passando embaixo da sua imagem e dizendo o que está acontecendo agora. É algo paradoxal, porque, na versão on-line, que você vai receber quando eu mandar o link, é óbvio que não há essa barra de notícias, porque não está no ar.
Alain de Botton — Sem querem insultar a barra, basta não olhar, porque o que você faz quando a lê é tentar encontrar algo importante, mas os pedaços de notícias que passam. Por exemplo, digamos que 200 pessoas sejam mortas na República Democrática do Congo e que o dólar caia 5 centavos. Cada um desses pedacinhos de informação não acrescenta nada na sua vida. Compare com um romance. As notícias são como 20 romances que não param de empurrar para nós. Você lê meia frase, e alguém pega e lhe dá outro romance. Você nunca chega a acompanhar história alguma direito. Você aproveitaria melhor e conheceria melhor a realidade se concentrando em uma só história e a acompanhando direito. Mas o problema é que os editores de noticiários têm tanto medo de perder audiência que querem nos mostrar tudo. Acho que é uma espécie… Eu dei uma entrevista à BBC, em um programa de notícias que durava 30 minutos. Naqueles 30 minutos, eles apresentaram 20 histórias diferentes. Tudo durava apenas alguns minutos. Eu entrei no ar e disse ao editor: “Vocês têm medo de que as pessoas não se concentrem mais de 2 minutos?” E ele respondeu: “Sim! Todos nós temos medo disso. É o terror de quem trabalha no ramo das notícias.” Nós, o público, e as pessoas que estão nos vendo, precisamos analisar a realidade e dizer: “Por favor, nós somos mais sensatos do que isso. Conseguimos nos concentrar durante 20 minutos. Por que não?” Então, coloque um livro em frente à barra de notícias e se concentrem na verdade eterna. Digo isso no meu livro: as notícias tomaram o lugar da religião. Nós recorríamos à religião para descobrir o que era importante. Quem importa? Qual é o certo, qual é o errado? Agora recorremos aos noticiários. Eles irão nos falar da natureza do mundo. Independente de sua opinião sobre religião, o interessante nela é que nada muda. Algumas verdades existem há 2 mil anos e são tão estáveis que continuam sempre aí. O Natal é uma coisa, a Páscoa é outra, a Quaresma é outra. São essas verdades eternas. O mesmo acontece com a filosofia. Ela não muda. Quando muda, é muito devagar. Mas o que Platão disse é tão importante hoje quanto quando ele disse. E muitas coisas sobre a natureza humana são assim. Nem tudo que é importante para a natureza humana muda. Mas o noticiário é produto do mundo moderno tecnológico e científico, que nos diz que o novo sempre é melhor do que o antigo. E isso é verdade para a ciência e a tecnologia, mas nós, seres humanos, não somos apenas robôs ou seres tecnológicos, nós também somos seres eternos, com aspectos que são cíclicos, não seguimos apenas em frente como uma linha de trem.

Jorge Pontual — Mas o que é bom para um viciado em notícias, como eu, é que você oferece soluções, propõe novas maneiras de enxergar as notícias, certo? Absorvendo-as e refletindo sobre elas. Vamos começar com as notícias sobre desastres, acidentes, mortes, calamidades, catástrofes… Qual é a sua proposta?
Alain de Botton — Antes preciso dizer que não acho que o modo como as notícias são dadas é algo completamente horrível. Só acho que pode ficar melhor. Como raça humana, ainda estamos aprendendo a elaborar as notícias. O tipo de noticiário feito no Brasil é basicamente o usado nos EUA transportado para o Brasil. O modelo americano de noticiário espalhou-se pelo mundo todo e é 50% bom e 50% desastroso. Nós podemos melhorar. No meu livro, eu analiso a grande obsessão das pessoas pelos desastres e tragédias. “Ele matou a mulher.” “Ela pulou da janela com o filho.” Nós adoramos essas coisas. Quando colocam isso no noticiário, as pessoas prestam atenção. Por quê? Pessoas sérias às vezes pensam: “Nossa, que coisa horrível! O ser humano é uma criatura horrível. Nós gostamos de ver tragédia. Isso é horrível.” Quando eu analisei isso, pensei: na Grécia Antiga, as pessoas adoravam as tragédias. Elas iam para os teatros perto da acrópole para ouvir tragédias escritas por pessoas como Sófocles, como Eurípedes. Mas elas acreditavam que conhecer esses desastres e tragédias as tornava civilizadas. Aquilo não as tornava pessoas más, as tornava civilizadas. Por quê? Pela maneira como aquele material era apresentado. Portanto, se a história for apresentada da maneira correta, ela pode ser usada para nos tornar pessoas civilizadas e melhores. Por quê? Porque ela nos ensina lições. Quando alguém está andando na estrada, por exemplo, e um avião cai na cabeça dessa pessoa e a mata, o que aprendemos? Nós aprendemos que a vida é muito frágil. Portanto devemos tentar viver, a todo momento, como se pudéssemos morrer à noite. Assim, devemos ser gentis, nos concentrar no que é prioridade. É a tradição do memento mori. Antigamente, as pessoas colocavam um crânio na mesa ou na prateleira para lembrar: “Você vai morrer.” Na religião, essa é uma das lições mais importantes: “Você vai morrer.” E essa não é uma lição ruim, ela é muito importante, pois ensina você a se tornar filósofo da sua própria vida. Por isso, quando vemos essas tragédias, quando só há notícias de tragédias, ele não nos diz o que fazer com essa informação, que é usá-la para nos concentrarmos no que realmente importa. Da mesma maneira, quando lemos que um homem matou a mulher em um momento de fúria, o que está havendo aí? Para os gregos antigos, seria uma oportunidade para desenvolver o medo e a compaixão. Compaixão pela facilidade com que um ser humano pode enlouquecer. Todos nós vivemos à beira da loucura. Só precisamos de um empurrãozinho. Às vezes a vida faz isso com algumas pessoas, e elas enlouquecem. Mas todos nós, quando vemos essas histórias de assassinato, de pessoas que perdem a cabeça, de fúria etc., deveríamos pensar: “Poderia ter sido comigo. Ainda bem que não foi.” Nós deveríamos ter compaixão pela pessoa que perdeu a cabeça e, ao mesmo tempo, deveríamos temer por nós mesmos. Estamos muito perto do desastre? Por isso as notícias podem nos ensinar uma filosofia, e eu gostaria que os editores dissessem: “Em vez de colocar a notícia e pensar que o público pode adorá-la ou odiá-la, vamos torná-la algo mais.” Muitas vezes, as notícias nos dão os ingredientes, mas não os cozinha, não prepara o alimento direito, e nos deixa subnutridos. Nós comemos aquilo, mas nosso estômago não se satisfaz, nossa alma não se satisfaz. Era isso que eu queria dizer. As notícias não são só ruins, mas não são preparadas da maneira correta.

Jorge Pontual — Não lembro que livro você citou para mostrar como Proust pegava um fait divers e escrevia um conto sobre ele. Como muitos outros autores escreveram grandes romances em torno de fait divers, algo que poderia ser apenas uma notícia. Mas nem todo jornalista pode ser um Proust, um Dostoievski ou um Tolstoi. O que pode se feito na prática?
Alain de Botton — Eu acho que os jornais se concentram demais na ideia de que, para tentar ensinar algo ao público, são necessários fatos, informação, é algo centrado nos dados. Assim, o jornalista vê o mundo e seleciona fatos. Por exemplo, 20 pessoas morreram num tornado em Oklahoma. Fato. Você volta à central jornalística, e a notícia veiculada é: “Vinte pessoas morreram em Oklahoma.” Normalmente o efeito no publico é: ”Dane-se.” Elas estão acostumadas com isso. “Vinte pessoas morreram, e daí?” Você sai, vai dormir… Você ouve aquilo e vai dormir. Isso não incomoda você. O que está acontecendo? Por que não nos incomodamos? Não nos incomodamos porque, na verdade, precisamos saber que uma pessoa estava viva para se importar com a morte dela. E o noticiário, por ser tão focado na informação, nos dados, não entende que o trabalho do jornalista não é só reunir informações, mas também torná-la algo importante para o público, e fazer isso requer habilidades próximas às de um artista. Não me refiro aos grandes artistas, qualquer um pode fazer. Mas você precisa pensar que tem uma tarefa importante, o que a maioria dos jornalistas não faz. Eles não consideram uma tarefa importante.

Jorge Pontual — É interessante que a cobertura dos esportes, que você vê. Se lê sobre eles, é uma coisa chata. Na maioria das vezes são só números, fatos… Mas alguns dos grandes escritores no jornalismo vêm da área esportiva, pois eles precisam criar. Eles têm que criar uma história. No Brasil, nós temos grandes escritores que eram jornalistas esportivos. Nelson Rodrigues, nosso maior dramaturgo, era jornalista esportivo, escrevia sobre futebol. E ele se tornou maravilhoso porque precisava criar histórias.
Alain de Botton — É verdade, e isso é uma verdadeira arte, mas ninguém ensina isso na faculdade de Jornalismo. Um dos maiores jornalistas americanos foi Norman Mailer, um romancista. Ele era um jornalista fantástico, porque ele entendia isso. Ele era melhor que todos no Washington Post e do NY Times, e nós ainda lemos as reportagens dele hoje em dia, porque ele entendia que, para capturar alguém, você precisa tornar a coisa interessante. E ele também gostava muito de esportes, das lutas de Muhammad Ali.

Jorge Pontual — Você falou de Flaubert. Eu preciso verificar. Não vou ver as notícias, preciso ver uma citação do Dictionnaire des Idées Reçues e quero que você diga por que menciona essa obra no seu livro. Mas eu não sabia que, há 150 anos… Um dos verbetes é “Célébrité”-“celebridade”. “Celebridades: preocupar-se com o menor detalhe de sua vida privada para poder denegri-las.” É exatamente o que fazemos com as celebridades.
Alain de Botton — Com certeza.

Jorge Pontual — Ele já fazia gozação com isso.
Alain de Botton — Exato. Flaubert escreveu em um período muito interessante, quando nasciam os grandes jornais. A promessa utópica das celebridades é um guia sobre como se comportar. Na época das religiões, as pessoas tinham os santos. Um santo para isto, outro para aquilo, e eles eram modelos de comportamento. Hoje não temos os santos, pois não cremos mais tanto neles, mas nós temos as celebridades. O problema é que as celebridades são Miley Cyrus, que não é um modelo de comportamento tão bom. Então as pessoas sérias dizem: “Celebridades! Aquela Miley Cyrus!” Já eu acho que precisamos mudar as nossas celebridades. Mas nós só poderemos fazer isso entendendo a importância do papel de uma celebridade. O problema é que, numa cidade como Nova York, o New York Times nunca cria uma celebridade. Ele só fala das que foram criadas pelo New York Post, um jornal não tão sério. Esse é o problema. Mas não há nada de errado com a celebridade em si. Na verdade, a fama e o glamour são mecanismos muito importantes, através dos quais uma sociedade pode motivar as pessoas a fazer certas coisas, a acreditar nelas e a agir e determinada maneira. Isso é muito importante.

Jorge Pontual — Há ainda o papel da inveja, certo, que pode ser algo bom.
Alain de Botton — O noticiário é um grande gerador de inveja, porque todos nós, todos os dias, somos apresentados a pessoas que estão muito melhor que nós. “Este cara fundou uma empresa.” “Este cara casou…” É incrivelmente estimulante ler sobre pessoas que estão melhores do que nós. Mas isso também nos enlouquece, pois nos deixa com inveja. E deveria aparecer nas telas: “Perigo: inveja! Inveja!” Uma entrevista com um figurão do Vale do Silício: “Inveja! Inveja!” Mas os noticiários nunca nos advertem, então nós, o público, temos que estar cientes desse grande perigo. Acho que o que devemos fazer não é calar diante da inveja, mas analisá-la. Porque, sempre que você sente inveja de alguém, há também uma lição sobre o que você deveria fazer, algum objetivo que você deveria tentar alcançar. Mas o noticiário nos dá um segundo de inveja, não nos faz analisá-la, deixando essa sensação… esse incômodo, mas sem analisá-la. Por isso, nós temos que levar essa inveja a sério e analisá-la, pois muitas vezes há dicas do que você deveria ser e fazer nos momentos de inveja.

Jorge Pontual — No livro Religião para Ateus, você mostra que até os ateus podem tirar proveito da religião, embora geralmente rejeitem tudo relacionado à religião, certo? O que a religião pode ensinar que falta em nossa sociedade laica?
Alain de Botton — Durante vários séculos, a religião tentou entender o ser humano e dar sugestões sobre como ele deveria viver. Muitas pessoas não conseguem mais acreditar em Deus, e, com frequência, quando isso acontece, elas dizem: “A religião não é mais para mim.” Elas simplesmente deixam tudo de lado, pois não creem em Deus. Eu não acredito em Deus, mas há uma quantidade inacreditável de sabedoria e ideias interessantes e fascinantes na história e na teoria da religião. Então eu aconselho fortemente às pessoas que, ainda que não acreditem em Deus, deem uma olhada, pois a religião nos dá um mapa do que nós precisamos. Por exemplo, há muitas coisas de que as pessoas precisam, mas, por não serem mais religiosas, elas carecem de uma linguagem para descrevê-las. Uma das coisas principais é a comunidade, certo? As pessoas querem ser parte de algo maior, elas não querem amizades apenas pessoais, querem amizades por parte da sociedade, e a Igreja faz isso muito bem. Quando uma pessoa abandona a religião, sente falta de ir à igreja, de ter aonde ir, com quem falar. Mas, como ateu, você logo pensa que aquilo não é para você. Por isso a história da religião muitas vezes nos dá um mapa do que nós precisamos, e não acho que a resposta seja dizer: “Como não acredito na religião, vamos esquecer tudo.” Precisamos estudá-la, porque o mundo moderno tem muitas lacunas deixadas pelo desaparecimento da religião, e nós precisamos preenchê-las, mas só faremos isso direito se entendermos o que era a religião. 

Jorge Pontual — Acho que é nesse livro que tem uma foto do quadro “Virgem e Menino com Oito Anjos”, de Botticelli. Eu coloquei esse quadro no Twitter ontem, e alguém, quatro dos anjos estão cantando algo de um hinário, tuitou: “Quando vejo quatro adolescentes olhando alguma coisa, acho que é um smartphone.” Porque, quando um adolescente olha alguma coisa, só pode ser um smartphone. Ela não reparou que era um hinário. Como podemos fazer um adolescente se interessar… Porque eles estão muito focados nas novas mídias…
Alain de Botton — Nós falamos de celebridades. O que nós precisamos é tornar certo tipo de inteligência algo glamouroso. E eu gostaria de ser uma pessoa mais glamourosa, de ter mais cabelo… Mas nós precisamos… Se eu fosse responsável por isso no Brasil, por exemplo, eu diria que suas maiores estrelas de novelas, seus maiores astros do futebol, deveriam dizer aos jovens que ler é importante, que ler coisas antigas é importante, passar um tempo sozinho. Precisamos usar o glamour do jeito correto. As pessoas dizem que o sexo é usado para vender de tudo hoje em dia. Vemos mulheres lindas vendendo sabão, carro… E algumas pessoas sérias dizem: “Usam o sexo para vender coisas.” Mas não é necessariamente errado usar a beleza física para vender. O problema é que é preciso vender o produto certo, e eu acho que deveria ser Platão, Shakespeare, Cervantes etc. Coisas importantes. Então vamos pedir que as modelos e estrelas do show biz elevem o nível e ensinem aos jovens que essas coisas são importantes e legais. Quando você é jovem, só quer coisas bacanas. Então vamos fazer os caras bacanas mostrarem às gerações mais novas o que é importante de verdade, não o que aparenta ser importante.

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