Defensoria de Minas conta histórias da sua atuação
7 de agosto de 2011, 7h53
"As Defensorias Públicas estão atuando como nunca antes na história do país". A afirmação é do presidente da Associação dos Defensores Públicos de Minas Gerais, Felipe Augusto Cardoso Soledade. Ele faz questão de mencionar os números. Somente em Minas, entre 2009 e 2010, 22.044 audiências de julgamento civil foram feitas. Foram atendidas 523 mil pessoas. E ainda: 82.281 petições iniciais foram elaboradas. Ao todo, os defensores públicos atuaram em mais de 1,7 milhão de casos. O estado tem 15 milhões de mineiros de baixa renda. Para a Defensoria, muitos ficam sem atendimento por falta de conhecimento sobre seus direitos ou até mesmo de profissionais.
Todo o trabalho que vem sendo desenvolvido pode ser conferido no portifólio "Defensor Público a serviço do povo", que traz informações e números sobre a atuação da Defensoria Pública de Minas Gerais, entre 2009 e 2010. Voltado à classe política e autoridades, a publicação ajuda a demonstrar as áreas de atuação e o serviço prestado.
Para o presidente da ADEP-MG, a divulgação das atividades feitas pela Defensoria é de fundamental importância. Motivo: muitas pessoas e até mesmo algumas instituições do Estado desconhecem a suas áreas de atuação.
Em 2009, a Lei Complementar 132 alterou dispositivos da Lei Complementar 80/1994, que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios. "A Defensoria Pública hoje tem um papel muito amplo e importante junto à população, em especial das pessoas mais carentes. Atuamos em questões de família, saúde, moradia, defesa dos direitos humanos e outra infinidade de assuntos. É atuando junto às comunidades que vamos percebendo as novas demandas e vamos agregando ao trabalho", afirmou o presidente da ADEP-MG.
Com imagens que retratam a mineiridade, a partir de ilustrações feitas pelo artista plástico Marcelo Ramos, e fotografias do fotojornalista Leandro Couri, o portfólio vai além de demonstrar números e áreas de atuações. Faz mais: traz histórias reais de assistidos.

Sonia Maria de Jesus foi casada durante 25 anos e tem quatro filhos e um neto. Surpreendeu-se quando percebeu que o divórcio amigável não durou mais que 15 dias. "Para mim foi excelente, porque antigamente o divórcio era pago e demorava anos. Hoje facilitou muito para a classe pobre", afirma.

O papel da Defensoria
A Defensoria é encarregada da orientação jurídica, promoção dos direitos humanos e defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos de forma integral e gratuita. Ela atua nas seguintes áreas especializadas: Defesa da mulher vítima de violência doméstica; direitos humanos, coletivos e socioambientais; infância e juventude (cível e ato infracional); urgências criminais; consumidor; atuação nos tribunais (cível e criminal; saúde); idoso e do deficiente. Entre as outras áreas de atuação, uma das que mais se destaca, também, é a defesa do consumidor. A Defensoria atuou na elaboração do projeto de lei para evitar que cortes de energia elétrica ocorram às sextas-feiras; fez parcerias com o Procon para solução judicial e extrajudicial de conflitos e criou o Conselho Municipal de Proteção a Pessoa Portadora de Deficiência, que abrange o consumidor; entre outras medidas.
Somente no período ao qual se refere o portifólio, quase 4 mil pessoas foram atendidas pela Defensoria do consumidor. Somente em Ipatinga, 9 mil idosos foram beneficiados por uma ação coletiva que proporcionou transporte municipal e intermunicipal gratuito às pessoas da terceira idade.
Um caso emblemático foi o de uma mulher entre 25 e 30 anos que, procurou a defensora de Formiga. Portadora de um plano de saúde, ela necessitava de tratamento específico para cauterização de uma fistula vaginal, que sofreu ao dar a luz a uma criança num parto cesariano. Ela sofreu um corte pelo bisturi na fistula (tecido) que separa o órgão genital feminino do intestino. Passou a expelir fezes ao urinar. O médico indicou um tratamento em na cidade de Campinas, mas o plano de saúde dela se negou a custear o tratamento alegando que era experimental e que não fazia cobertura em outros estados. A Defensoria Pública ingressou com uma ação ordinária contra a operadora do plano, que foi obrigada a custear o tratamento em Campinas.
Direitos Humanos
Há quem defenda que "uma coisa é o Direito e outra coisa é a Justiça", mas a ADEP-MG está disposta a mostrar que o Direito é um excelente instrumento para fazer Justiça.
A Defensoria Pública atua na defesa judicial e extrajudicial, individual e coletiva dos direitos fundamentais como: direito à vida, liberdade, igualdade, dignidade, privacidade, segurança alimentar, educação, moradia reforma agrária, informação, livre expressão e não discriminação, entres outros áreas.
"Um dos aspectos importantes do portifólio é que ele possibilita que os Estado veja onde estão as maiores carências no que diz respeito à assistência que ele deve dar ao cidadão. Alguns números mostram a crescente atuação da Defensoria Pública, mas outros mostram o aumento da precariedade de algumas áreas que estão sendo mal geridas pelo governo", comentou Felipe Soledade.
É pela sensibilidade de perceber a demanda que cada vez mais a sua atuação junto ao publico LGBTT, especialmente no caso de pessoas que buscam a cirurgia de redesignação sexual, mudança de nome e de designação do sexo em documentos oficiais.

Em um dos casos concretos, F.F.S nasceu no sexo masculino, porém, apresentava características femininas. Em 2007, passou por uma cirurgia de troca de sexo, mas não teve o direito de alterar os documentos de identidade. Foi aí que resolveu procurar a Defensoria Pública mineira. F.F.S obteve mudança de gênero e a retificação do prenome para feminino.
Área Criminal


O portifólio
Segundo o Presidente da ADEP-MG, Felipe Augusto Cardoso Soledade, o trabalho ilustra a atuação da Defensoria Pública de Minas Gerais. "Mostramos os números, sua atuação, mas, acima de tudo, a realização concreta de Justiça para centenas de milhares de crianças, homens, mulheres e idosos em toda Minas Gerais", destacou o Presidente da ADEP-MG.
Felipe Soledade entregou pessoalmente a publicação a defensora pública-geral, Andréa Abritta Garzon Tonet, e ao corregedor-geral, Eduardo Vieira Carneiro, que muito elogiaram a qualidade do trabalho apresentado.
Produzido pela Assessoria de Comunicação Social da ADEP-MG , com apoio da Defensoria Pública e Corregedoria, o portfiólio "Defensor Público a serviço do Povo" está disponível na internet para ser consultados por todos interessados.
Clique aqui para conferir o portfólio.
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