A biblioteca básica de Alberto Zacharias Toron
17 de março de 2010, 11h00
O criminalista Alberto Zacharias Toron nunca esqueceu o conselho que recebeu do pai, um imigrante judeu, no dia em que contou-lhe de sua intenção de estudar Direito: "Não meu filho, não faça Direito, pois sua família não é relacionada com ninguém e você vai ter muita dificuldade". A trajetória vitoriosa do estudante e, posteriormente, do advogado provaram que o velho Toron não estava certo. "Com estudo, garra e sorte você pode ir além e construir uma carreira", diz Toron, o filho, que recebeu a revista Consultor Jurídico em seu escritório, para falar da sua vida, carreira e dos livros que marcaram a sua vida.
Já no seu primeiro ano de Direito, em 1977, Toron decidiu prestar outro vestibular. Desta vez para o curso de Ciências Sociais, na PUC-SP. Passou e teve a oportunidade de integrar a diretoria do DCE (Diretório Central dos Estudantes) clandestino da escola. Ele conta saudoso que a chapa chamava-se A todo vapor e era composta pelas tendências Libelu, uma das mais influentes correntes do movimento estudantil, de tendência socialista, nos anos 1980.
“Eu sempre tive uma vocação, um horizonte aberto para outros ramos que não o do Direito. Quando acabei Direito comecei mestrado em Filosofia do Direito e, paralelo a isso, fui trabalhar com Márcio Thomaz Bastos”, conta Toron. No escritório de Thomaz Bastos, o advogado ficou uns cinco anos. Nesta época nasceu a vocação para o Direito Penal. De lá para cá, não parou mais. Atuou na defesa dos juízes Nicolau dos Santos Neto e João Carlos da Rocha Mattos, na acusação de Suzane Richtofen, além de ser o defensor de boa parte dos envolvidos nas grandes operações da Polícia Federal, nos últimos anos. Está, ainda, entre os 12 advogados criminalistas mais admirados no Brasil, segundo a Análise Advocacia de 2007, 2008 e 2009.
Como conselheiro da OAB, foi o articulador da proposta transformada em Súmula Vinculante 14, que garante a advogados e defensores públicos o acesso a provas documentadas levantadas em inquéritos policiais, mesmo que ainda em andamento e sob sigilo.
Para ele, contudo, a Advocacia não é um dom, “oralidade talvez seja, mas tudo isso você pode construir, aprender, aprimorar, desenvolver. O estudo e a sorte são fatores fundamentais também", diz.
“Numa interpretação cabalística, a palavra sorte em hebraico é expressa por um vocábulo que se chama Mazal. São três letras em hebraico, que expressa ideia de tempo, lugar e estudo. Não basta estar na hora certa, no lugar certo e não ter discernimento, pois você não vê as oportunidades. Quando eu falo de sorte, me refiro a isso, uma combinação, pois só o estudo vai te possibilitar enxergar”, explica o criminalista.
O que mais fascina o advogado no campo do Direito Penal é a ideia de competição. O tal do ganhar e perder. Para Toron, esse jogo o motiva tanto quanto a busca da Justiça. “Eu já apanhei muito, mas sempre tive a preocupação de fazer um bom trabalho, cliente bem atendido é um cliente grato a você do ponto de vista humano, mesmo quando você não ganha a causa”, conta.
Em matéria de leituras, Toron conta que começou lendo jornais. Foi influenciado pelo pai, que usou a leitura diária dos jornais para aprender, na raça, a língua portuguesa. O advogado não sabe precisar a quantidade de livros que tem, mas seu escritório dispõe de uma bem sortida biblioteca. As paredes de sua sala são forradas de prateleiras, com livros que começaram a ser colocados ali na época em que fez mestrado, há quase duas décadas. Na música, o advogado é apaixonado por MPB e por Bossa Nova. O grande hobby é navegar em sua lancha, com a família, e desfruta da casa numa ilha de Paraty, no Rio de Janeiro.
Literatura
Livro didático
Livro jurídico
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