Trabalho em família

Villemor Amaral Advogados comemora 100 anos

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3 de outubro de 2009, 7h33

O escritório Villemor Amaral Advogados está comemorando um feito: um século de existência. Em 100 anos de vida, conseguiu ampliar a equipe inicial de quatro advogados para os 200 funcionários atuais. A adaptação dos profissionais às necessidades e exigências de cada um dos períodos — econômicos, sociais e políticos — da história do país parece ter sido a fórmula para a vida longa do escritório familiar, que está hoje em sua terceira geração. Pai, filho e neto têm o mesmo nome: Hermano de Villemor Amaral.

A banca começou atendendo casos de Direito Comercial, especialidade do pai. Depois da 1ª Guerra Mundial, estreitou relações com a França e a Suíça. Além de atender as Embaixadas, assessorou a chegada ao Brasil de empresas dessas nacionalidades. A partir da 2ª Guerra, teve de colocar o inglês em prática para atender empresas norteamericanas que passaram a enxergar o país e os grandes negócios que poderiam fazer aqui. Hoje, a menina dos olhos chama-se energia. Projetos de construção de hidrelétricas, pequenas centrais hidrelétricas, termelétricas, extração, produção e distribuição de petróleo e gás estão no foco do atendimento.

Em 1909, quando foi criado no Rio de Janeiro por Hermano de Villemor Amaral, já era uma sociedade de advogados, “uma modernidade para época, porque o advogado costumava ser um profissional independente e sozinho”, explica o neto do fundador, Hermano de Villemor Amaral (Neto). O fundador da banca morreu em 1955, depois de ter colocado o escritório no caminho dos investimentos internacionais no Brasil.

Hermano de Villemor Amaral, o filho, assumiu o comando da banca 12 anos depois da morte do pai. Até hoje, aos 89 anos, comparece quase que diariamente ao escritório, segundo o sócio André Sigelmann. Ele exerce um papel importante de “aconselhador”. Foi em sua gestão que o número de sócios quase dobrou: de quatro passou para sete. Juntos, no final da década de 70, decidiram expandir a atuação da banca, com a abertura da filial paulista, estado onde os negócios floresciam. Hoje, o comando da filial está nas mãos do neto do fundador, que tem 45 anos.

Na década de 90, com o boom de negócios permitido pela redemocratização do país e o processo de privatização das empresas e dos serviços públicos, o crescimento da banca foi expressivo. Os contratos fechados com a Petrobras para projetos de exploração, produção e transporte de óleo e gás, expansão da malha de gasoduto e armazenagem de petróleo alavancaram os negócios e direcionaram o escritório para a especialização em energia e infraestrutura.

Segundo o sócio André Sigelmann, na mesma época, muitas empresas estrangeiras chegaram ao país, o que aumentou bastante a demanda na área de projetos de fusões e aquisições. Os contratos, seguindo influência dos padrões americanos e ingleses, se sofisticaram. Até então, o contencioso era o setor mais importante da banca. Com as reviravoltas na economia e, por consequencia, nos negócios do escritório, o carro-chefe passou a ser o departamento que cuida de investimentos na área de energia. Ao longo dos últimos anos, mais de 35 projetos de construção de termelétricas foram assessorados pelo Villemor Amaral Advogados. No nordeste, o foco dos contratos foram as hidrelétricas e, no centro-oeste, as pequenas centrais hidrelétricas. 

Outro nicho do escritório, “onde o ritmo nunca diminui”, é o contencioso de massa, onde os profissionais se dedicam a conflitos que envolvem consumidores e bancos, companhias aéreas, distribuidoras de energia e outros conflitos financeiros. “As pessoas estão cada vez mais procurando a Justiça. Em épocas de crise, parece que há um incentivo para se recorrer ao Judiciário”, diz André Sigelmann. “Como não temos atuação marcante em mercado de capitais, não sofremos muito com a crise. Mas também não aproveitamos o período de bonança.”

O escritório atua em praticamente todas as áreas do Direito e em todo o país, por meio de suas filiais ou de colaboradores locais. As únicas áreas em que não oferecem atendimento são criminal e registro de marcas e patentes. Villemor Amaral, o neto, comanda a filial São Paulo desde 1990, ano em que se mudou do Rio para a capital paulista. O seu sotaque não nega a origem.

Ele formou-se em 1982 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Sempre gostou da carreira. Admirava o pai e o avô. A única dificuldade, brinca, era trabalhar no mesmo ambiente do pai. “Fizemos uma combinação: as brigas não mudariam de ambiente. Ficariam em casa.” Trabalharam apenas cinco anos juntos, até que ele decidiu vir para São Paulo. Hoje, é especializado em Direito Societário e em contratos internacionais. Com a saída do sócio que cuidava da área trabalhista e cível, assumiu a coordenação desses departamentos.

Para Aurea D’Avila Mello Cotrin, única sócia mulher, uma das vantagens e dos diferenciais do escritório é que, embora cada profissional tenha uma especialização, transita em várias áreas do Direito. “Quando entrei no escritório, fazia trabalhista, inclusive contencioso, e depois fui me especializando em contratos. Depois que terminei o mestrado, passei a atuar 90% do meu tempo em societário e contratos”, relembra. Aurea tem 38 anos e é sócia desde 2005.

Outra característica marcante do escritório, segundo a advogada, é o contato muito próximo com o cliente. “Somos um escritório que ainda funciona à moda antiga”, apesar de ter trabalhar em uma equipe de 200 advogados. “Além disso, todos os sócios são advogados atuantes. Não temos sócios que não trabalham.”

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