Os livros que marcaram a vida de Miguel Reale Junior
4 de novembro de 2009, 16h46
Não satisfeito com as pilhas de livros dentro de casa, ele comprava seus próprios exemplares para poder fazer anotações e rabiscar. “Eu mesmo comprava, me aproximava das obras, principalmente de Guimarães Rosa, cada página é uma viagem”, conta.
A inspiração precoce levou-o a tornar-se um autor de livros de ficção. Em 2004, estreou com Dez Mulheres, seguido por Avessos, em 2005. Em 2007, produziu o romance de suspense O Rio e o Mar, ambientado no Brasil dos anos 1940, ainda sob o eco da Segunda Guerra Mundial e do Estado Novo. Seu último livro, Juramento conta a história de Eduardo, um jovem advogado mineiro que decide retornar à cidade de sua infância, Pouso Alegre, antes de iniciar sua carreira na capital. Lá ele se vê obrigado a usar seus conhecimentos para apoiar a família.
Fora da ficção, Reale Jr. publicou várias obras jurídicas, entre as quais Novos Rumos do Sistema Criminal, Brasil 93, A Hora do Parlamentarismo, Problemas Penais Concretos e Teoria do Delito.
Com tanto livro nas estantes e na cabeça, Reale Jr. acabou por construir uma biblioteca, já em fase de catalogação, na cidade de Canela, Rio Grande do Sul. “O espaço será só para alunos, estudante de pós-graduação e doutoramento. Terá 18 mil volumes relacionados a Direito e História”, conta. O espaço fará parte do Instituto de Estudos Culturalistas, que segue a linha de pensamento de seu pai.
Além das atividades de advogado, Reale Jr. se dedica ainda, como presidente, ao Instituto Probono. São mais de 300 escritórios inscritos que produzem trabalhos jurídicos consultivos ou contenciosos para entidades assistenciais. “O trabalho é prestado a entidades assistenciais sem fins lucrativos que têm problemas tributários, trabalhistas ou comerciais”, explica o advogado.
Primeiro livro
Dos quadrinhos, Reale Jr. partiu para a enciclopédia seriada O Tesouro da Juventude. Lançada nos Estados Unidos em 1912, e trazida ao Brasil pela Jackson Editores, a série matava a curiosidade da garotada. “A enciclopédia tinha uma parte de história e outra de curiosidades. Respondia a dúvidas como: por que os móveis rangem à noite? Como tirar manchas?”, conta Reale. Para ele, a coleção abria a mente das crianças com uma linguagem fácil, didática. “Era uma viagem. Todo o número tinha uma biografia, textos, contos. Eu ainda tenho a enciclopédia com 18 volumes”, conta . Segundo a revista SuperInteressante, a obra retrata os costumes e preconceitos da época (1958). Nos artigos, eram proibidas palavras como “genocídio”, “holocausto” e “comunismo”. Darviw aparece no índice remissivo, mas o autor de A Origem das Espécies é citado como “ completamente fora de moda".
Livro Didático
Livro jurídico
“Da criminologia crítica de Alessandro Baratta fui marcado por um livro de 93 Antinomie giuridiche e conflitti di coscienza, um dos que marcou muito meus estudos do direito penal”. Ele cita também a bibliografia do professor Giuseppe Bettiol como uma referência mais geral do Direito. “No campo da ciência política, minha preferência é pelo cientista político Giovanni Sartori que falava de teoria democrática em uma época de confronto com a ditadura”, conta.
Literatura
As preferências atuais passam pela literatura nacional e estrangeira. A obra recente que mais chamou a atenção do professor é Marca Humana (2002), do americano Philip Roth. Na literatura brasileira, ele lembra de Explorações do Tempo (1952), de Ciro dos Anjos e o Baú de Ossos (1972), o primeiro volume das memórias do médico e escritor mineiro Pedro Nava.
Li e Recomendo
Encontrou um erro? Avise nossa equipe!