Esquema da pirâmide

Madoff admite culpa e pode pegar 150 anos de prisão

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13 de março de 2009, 14h26

O especulador norte-americano Bernard Madoff, 70, declarou-se culpado na quinta-feira (12/3) em um tribunal de Nova York das 11 acusações contra ele. Ele ficará preso no Centro de Correções de Manhattan até que saia a sua condenação em 16 de junho. O esquema pirâmide de Madoff, considerado um dos maiores escândalos financeiros da história, causou perdas a mais de 4.800 clientes.

Madoff deve passar o resto da vida preso. A punição máxima para cada um dos crimes admitidos soma 150 anos. Foi a primeira vez, que Madoff admitiu publicamente o calote de quase US$ 50 bilhões (R$ 115 bilhões). Ele se disse profundamente "arrependido e envergonhado". Ao ser questionado pelo juiz, o especulador imediatamente respondeu que é culpado. Com isso, ele evita que o caso seja levado a um júri popular. O tribunal abriu 25 processos contra o financista.

Segundo as agências de notícias internacionais, Madoff aparentava nervosismo durante o interrogatório. Ele declarou-se culpado principalmente de fraude, lavagem de dinheiro e roubo. “Não posso expressar adequadamente o quanto sinto por ter cometido esses crimes”, disse ao tribunal. O financista estava em prisão domiciliar em sua cobertura em um bairro nobre de Nova York desde 11 de dezembro.

Uma vítima do financista, Bennett Goldworth, disse à CNN que a fraude tumultuou a sua vida. "Tive de deixar meus negócios. Mudei-me da Flórida. Eu tive de recomeçar tudo. Agora, com 52 anos tenho de voltar a Nova York para morar com meus pais", lamentou Goldworth, explicando ter investido quase US$ 4 milhões.

Em um esquema de pirâmide, o dinheiro de novos investidores é usado para pagar os investidores mais antigos. Madoff relatou que não investiu o dinheiro que recebia de seus clientes. Simplesmente depositava os fundos em uma conta no banco Chase em Manhattan e fazia retiradas da mesma conta para pagar supostos lucros.

Segundo suas declarações, desde os anos 1990, ele se esforçou para que o fundo proporcionasse retornos acima da média do mercado aos clientes. Os lucros prometidos eram de até 46% ao ano. Quando a crise estourou, o surto súbito de retiradas fez o esquema ruir.

O esquema era global e envolveu fundos de hedge, grupos sem fins lucrativos e celebridades como o jornalista Larry King e o diretor Steven Spielberg. No Brasil, advogados dizem que investidores perderam dezenas de milhões de dólares com aplicações. Os investimentos, aparentemente, não foram feitos diretamente com Madoff, mas por meio de bancos como Safra, Santander e UBS e do fundo americano Fairfield.

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