Matemática eleitoral

Segundo turno está nas mãos dos nordestinos

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30 de setembro de 2006, 16h45

A poucas horas do início das eleições presidenciais, só há dúvidas quanto à possibilidade de haver um segundo turno. Dos 125 milhões de eleitores brasileiros, estima-se que 95 milhões comparecerão às urnas (votos válidos). A pesquisa mais recente, do Vox Populi, aponta para uma vantagem de quatro pontos percentuais a favor do candidato à reeleição, o presidente Lula. Seriam 46% para Lula contra 42% da oposição — na aferição global — mas 52% a 48% no cômputo dos votos válidos.

Essa vantagem, contudo, pode ser zerada pela “taxa de alienação” do eleitorado nordestino, conforme explica o cientista político que mais entende de eleições no país, Antônio Lavareda. Essa taxa é formada pela soma de votos nulos, em branco e de abstenção. Dentre os votos nulos, grande parte deriva de erro na digitação na urna eletrônica.

No Nordeste, onde as pesquisas captam 70% das preferências a favor de Lula, verificou-se, em 2002, no sertão, a mais alta de taxa de alienação do país: cerca de 48%. A taxa de alienação do Nordeste supera a média nacional em 10 pontos percentuais.

Calculada sobre o eleitorado petista, essa taxa projeta uma perda de 7% dos votos para Lula. Como o peso do eleitorado nordestino no país é de 27%, o cruzamento das contas implica uma perda de 2% a 2,5% no total nacional. Isso considerando que a taxa de alienação afetará basicamente o candidato-presidente.

Se assim for, noves fora, sendo de 4% a vantagem de Lula, a subtração de 2% na sua conta global, representa o repasse de percentual igual para a oposição — o que zera o jogo. Ou seja: daria empate. Cenário ruim para o PT, já que no segundo turno pode-se repetir um filme já reprisado algumas vezes — a união de forças contra Lula.

O peso da mídia

O Jornal Nacional — fator preponderante em toda véspera eleitoral — deste sábado deve divulgar as últimas pesquisas feitas pelo DataFolha e pelo Ibope. A grande curiosidade é saber que impacto teve a divulgação das imagens do dinheiro petista que iria ser usado para comprar material de propaganda contra o PSDB e o efeito da frustrante ausência de Lula no debate da Globo.

A pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi que indica uma faixa de quatro pontos a favor de Lula e que, teoricamente, lhe garantiria a vitória no primeiro turno foi feita antes da repercussão do debate e das fotos do dinheiro.

As revistas semanais chegaram às bancas sem nada de explosivo o suficiente para ajudar ou atrapalhar candidaturas. Os principais jornais do país trazem todos em suas capas a montanha de dinheiro “não contabilizado” do PT.

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