Quebra-cabeças

Mais uma advogada é colocada na mira da CPI do Tráfico de Armas

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8 de setembro de 2006, 14h43

A CPI do Tráfico de Armas está reunindo documentos para comprovar que, além de Ariane dos Anjos, a advogada Suzana Volppini Michelli é outra colaboradora da facção criminosa PCC — Primeiro Comando da Capital.

Em depoimento à CPI, na última quarta-feira (6/9), Ariane disse ser amiga de Suzana, presa em 2005 sob acusação de conseguir transferências ilegais de presos, pelas quais cobrava entre R$ 7 mil e R$ 8 mil, segundo o Ministério Público paulista. Suzana responde ao processo em liberdade e nega qualquer colaboração com a facção criminosa. A reportagem é da repórter Luciana Nunes Leal, do jornal O Estado de S. Paulo.

Dados do sigilo bancário de Suzana mostram que a movimentação financeira da advogada, que variou de R$ 97 mil a R$ 224 mil entre 2000 e 2003, chegou a R$ 700 mil em 2004. Em 2005, caiu para R$ 480 mil. A maior movimentação aconteceu em dezembro de 2005, quando entraram e saíram das contas de Suzana R$ 99.442,87.

No dia 28 daquele mês, Suzana foi presa. No mesmo dia, foi preso o ex-coordenador dos presídios de São Paulo João Batista Paschoal, suspeito de facilitar as remoções.

Suzana usou o mesmo recurso confessado por Ariane para ter acesso a um presídio na condição de visitante e não de advogada: assinou um documento com a informação falsa de que tinha relacionamento estável com o preso Antônio Rodrigues Antonopoulos. Com a autorização, a advogada, que foi casada com o juiz Alberto Michelli, passou a visitar outro preso, Ivonaldo Xavier Adelino, o Boi Branco, integrante do PCC, com quem manteria relacionamento amoroso.

Ariane tentou acesso ao presídio de Presidente Bernardes, mas desistiu do pedido antes que a direção autorizasse a visita íntima. Suzana conseguiu acesso à Penitenciária de Iaras.

Os deputados da CPI acreditam que as visitas íntimas serviam também para que fossem repassados recados entre os presos, por meio da advogada, com mais facilidade do que nas visitas dos profissionais com seus clientes, nos parlatórios. Na denúncia contra Suzana e outros envolvidos no esquema de transferências, o promotor Vilson Baumgartner diz que as visitas na condição de companheira de Boi Branco permitiram “acesso ao presídio, contato com detentos em geral e, em particular, com seu amante Ivonaldo, também agregado à organização criminosa e que, em constante contato com Suzana, permitiria que a atuação do grupo fosse facilitada”.

Antes de obter autorização para a visita íntima, Suzana visitou Ivonaldo como advogada quatro vezes em 2005. Naquele ano, a Secretaria da Administração Penitenciária registrou 54 visitas de Suzana a presos. Entre eles, os integrantes do PCC Abel Pacheco de Andrade, o Vida Louca, Agnaldo Souza Santos, o Baianão, Carlos Adriano de Souza, o Adriano Gordão, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Carlos Antônio da Silva, o Balego.

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