Direito de crítica

Eleição OAB-SP: espaço dos debates continua vazio

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3 de outubro de 2006, 14h58

Este é o nono artigo desta série em que estamos analisando as eleições da OAB, especialmente no estado de São Paulo, procurando estimular o debate em torno de questão que nos parece muito relevante, qual seja a escolha consciente, refletida e racional dos dirigentes da entidade que representa os advogados.

Numa das manifestações anteriores resolvi deixar clara minha opção por um dos candidatos à presidência da seccional paulista, pois não pode qualquer advogado manter-se indiferente a tal questão, assim como não existe razão para uma inviável “imparcialidade” de quem escreva sobre tal assunto, exercendo a profissão. Nessa ocasião a revista Consultor Jurídico abriu seus espaços para os debates sobre o assunto.

O exercício da advocacia implica, sempre, em tomar atitude, fazer escolhas, realizar opções ante as várias situações com que nos deparamos na vida. Fiz, como os leitores sabem, opção pela candidatura do dr. D’Urso, deixando claro que não se trata de apoio “incondicional”, mas resultado de uma demorada reflexão.

Quando de faz uma escolha pode ocorrer um erro. Já errei algumas vezes e há vários meses espero que os que se dizem da “oposição” consigam me demonstrar que estou errado agora. Mas o que tenho visto não é um debate sobre idéias e propostas, aproximando-se mais de críticas vazias e ataques pessoais.

Já vi na internet críticas ásperas à reeleição, como se isso fosse quase um crime ou mesmo um “golpe” de quem deseja perpetuar-se no poder. A nossa colega Rosana, por exemplo, hoje critica severamente a reeleição. Mas ela concordou e apoiou a reeleição do dr. Mariz, na década de 90. Vê-se, portanto, que ela considera boa uma reeleição, desde que o candidato seja do seu grupo.

Outro candidato, o nosso colega Clodoaldo, coloca como uma das suas metas : “reeleição não”, esquecendo-se que o pleito na OAB regula-se por normas federais, fora, pois, do alcance da seccional.

Infelizmente a atual administração encontrou a OAB-SP com patrimônio líquido negativo, cheia de dívidas, fato demonstrado nos balanços e contas da entidade (basta consultar o site oficial em “controladoria”).

Os dois primeiros anos do mandato foram em parte sacrificados pela necessidade de colocar em dia as finanças. Apesar disso ser do conhecimento público, e até hoje ninguém ter contestado, os principais responsáveis por tal situação, ou seja, alguns dos administradores da gestão anterior, criticam o atual Conselho e apóiam uma das chapas da “oposição”.

Dizem alguns dos “oposicionistas” que o projeto de criminalização do desrespeito às prerrogativas é antigo e foi “ressuscitado” na atual gestão. Será que desejam que ele permanecesse morto? Porque na gestão anterior não trataram desse assunto?

Criticaram até mesmo o fato de que recentemente o dr. D’Urso foi homenageado pelos vereadores. Mas alguns desses críticos gostam de ostentar homenagens similares que no passado receberam. Isto é: eles pensam que possuem o monopólio da reeleição e também o das homenagens. Enfim, críticas que não se sustentam, que não tem fundamento lógico, que não são racionais.

Gostaríamos muito de examinar os debates, estudar os argumentos, discutir as propostas. É uma pena que o espaço que para isso foi aberto ainda continue vazio, a menos de dois meses da eleição…

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