Ordem política

Lembo critica voto de legenda em eleições proporcionais

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12 de novembro de 2006, 17h30

A possibilidade de eleger candidatos não representativos, na carona de campeões de votos — com as “sobras” que compõem o coeficiente eleitoral — distorce a vontade do eleitor e deforma o quadro político. Igual efeito se tem com a possibilidade de coalizão nas eleições proporcionais.

Essa é a opinião do governador de São Paulo, Cláudio Lembo que, de resto, é a pura constatação de um equívoco da legislação em vigor. Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, o governador atacou o voto de legenda, essa opção dada ao eleitor que termina por ratificar listas partidárias — cuja montagem obedece unicamente acertos desconectados da qualidade do candidato beneficiado.

“O voto de partido entroniza a oligarquia”, afirma Lembo, denunciando o poder desproporcional que os caciques de cada legenda acabam amealhando, independentemente de sua importância em termos de representatividade. Um exemplo dos efeitos nocivos dessa fórmula, lembra o governador, já foram percebidos há décadas pelo sistema espanhol, onde as oligarquias eternizaram-se no poder.

Em relação à fidelidade partidária, o governador paulista manifesta-se contrariamente à perspectiva de um candidato eleito perder seu mandato caso deixe a legenda, mas é favorável à uniformização do voto — quando os diretórios fecham questão em torno de determinadas matérias — “para acabar com a farra da negociação de votos que faz tão mal à política”.

Alguns desses temas fizeram parte da pauta de conversações que Lembo teve na semana passada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador não revela o que ouviu do presidente. O encontro, disse ele, foi mais uma ocasião para troca de reminiscências — ou “hora da saudade”, como definiu. Da segunda parte da reunião participou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

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