Jornalista é acusado de passar informação da PF a bandido
16 de dezembro de 2006, 17h37
A residência de um jornalista da TV Globo foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal. José Messias Xavier, que trabalha na produção de jornalismo, no Rio de Janeiro, foi denunciado sob a acusação de colaborar com uma quadrilha que contrabandeava máquinas caça-níqueis. De acordo com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, Xavier tinha acesso a informações sobre as movimentações das Polícias Civil e Federal.
O MPF diz que Xavier recebia mensalmente da quadrilha para repassar as informações das Polícias que pudessem atrapalhar o grupo. O jornalista já trabalhou nos jornais Extra e Folha de S.Paulo, sempre na cobertura policial. A assessoria de imprensa da TV Globo informou que está apurando os fatos e deverá se manifestar neste domingo a respeito do assunto.
Outras 42 pessoas foram denunciadas pelo MPF, entre bicheiros, policiais militares e civis, contadores e advogados, que fariam parte de dois grupos criminosos. As investigações foram feitas pela Polícia Federal na Operação Gladiador, a partir de monitoramentos telefônicos autorizados judicialmente. Todos foram denunciados por formação de quadrilha armada e contrabando de milhares de máquinas caça-níqueis. Seis réus de uma das organizações também foram denunciados por cinco homicídios qualificados.
O juiz Flávio Lucas, da 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, deferiu 19 mandados de prisão preventiva contra participantes das quadrilhas e expediu 82 de busca e apreensão, que foram cumpridos nesta sexta-feira (14/12) e neste sábado (15/12) pela Polícia Federal.
Os procuradores da República calculam que a decisão compreende, ao todo, 6,2 mil máquinas caça-níqueis avaliadas em US$ 75 milhões. Essas máquinas seriam responsáveis pela arrecadação diária de quase R$ 22 milhões.
Foram denunciados dois grupos rivais da chamada “guerra dos caça-níqueis”, que seriam liderados por Fernando de Miranda Iggnácio e Rogério Costa de Andrade e Silva. Segundo as investigações, todas as vítimas dos homicídios eram ligadas ao grupo de Rogério Andrade.
De acordo com o MPF, os réus Helio Machado da Conceição, Fábio Menezes de Leão e Jorge Luís Fernandes são inspetores da Polícia Civil ligados ao ex-chefe da Polícia Civil e deputado estadual eleito Álvaro Lins e era o braço dessa corporação na organização liderada por Rogerio Andrade. O denunciado Celso Lacerda Nogueira é coronel da PM e comandante do 14º BPM e teria sido cooptado pela organização para acobertar as atividades violentas do grupo, incluindo a destruição de máquinas caça-níqueis do grupo rival.
A participação do jornalista Xavier teria sido descoberta durante o monitoramente telefônico de integrantes do grupo de Iggnácio, em especial o advogado Silvio Maciel de Carvalho, com quem ele teria mantido freqüentes ligações telefônicas.
Texto alterado com retificação de informação, às 16h32, de 18 de dezembro de 2006.
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