PF agiu na ‘mão grande’ ao deportar Jesse James, afirma Toron.
14 de março de 2005, 18h42
“A Polícia Federal agiu na mão grande. No arrepio da lei”. Assim o conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil por São Paulo, Alberto Zacharias Toron, classificou a ação da PF no caso do norte-americano Jesse James Hollywood, o mais jovem entre os criminosos procurados pelo FBI.
Jesse James foi preso pela Interpol no último dia 9 em Saquarema, no Rio de Janeiro. Ele era procurado desde agosto de 2000 por assassinato e seqüestro e, segundo Toron, deixou o país sem que tivesse sido instalado pela Justiça brasileira o devido processo de extradição.
A declaração de Toron é parte de seu voto preliminar como relator da matéria, apresentado nesta segunda-feira (14/3) durante reunião do Conselho Federal da OAB. Após a leitura do voto, os conselheiros optaram por converter a matéria em diligência e solicitar à Justiça e à Polícia Federal informações oficiais sobre o procedimento utilizado para permitir que o criminoso norte-americano deixasse o Brasil.
A Polícia Federal brasileira determinou a deportação de Jesse James para os Estados Unidos depois de obter uma autorização judicial sob a justificativa de que o americano estava “em situação irregular no Brasil, sem documento necessário para ingresso em território nacional”. Em seu voto, que voltará a ser apreciado pelo plenário da OAB, Toron critica a ação da Polícia Federal, afirmando que houve uma “burla de etiqueta”.
“A pretexto de se realizar uma deportação rápida, deixou-se de lado o procedimento legal da extradição, o que não podemos aceitar”, afirmou o criminalista. Segundo ele, a deportação de Jesse James sem um pedido oficial do governo dos Estados Unidos de instalação do processo de extradição feriu a legislação brasileira.
Jesse James, de 25 anos, era procurado pelo FBI. Em 6 de agosto de 2000, ele e quatro cúmplices seqüestraram e mataram Nicholas Markowitz, de 15 anos. Eles pretendiam obrigar o irmão adotivo de Nicholas, Benjamin, a saldar uma dívida de mais de US$ 1,5 mil. A dívida seria referente ao tráfico de drogas.
Um dos integrantes da gangue, acusado do mesmo crime, foi condenado à morte. Jesse James era o único dos cinco envolvidos no assassinato que ainda não havia sido preso. Ele pode ser condenado à pena de morte, vigente na Califórnia.
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