Governo Eletrônico

Consórcio de tecnologia busca facilitar integração de culturas

Autor

  • Hugo Cesar Hoeschl

    post doc em governo eletrônico professor da UFSC. É também ex-secretario de Geração de Oportunidades de Florianópolis. Especialista em Informática Jurídica doutor em Inteligência Aplicada e pós-doutor em Governo Eletrônico. Ex-Promotor de Justiça e ex-Procurador da Fazenda Nacional.

10 de março de 2005, 17h53

Uma das principais barreiras que impede a livre comunicação entre os cidadãos e governos é a diversidade idiomática. Imagine chineses e indianos tentando se comunicar através de documentos. Geralmente o inglês tem sido a solução. A ONU e a Comunidade Européia possuem, cada qual, uma lista de idiomas nos quais os documentos devem ser redigidos. Isso minimiza o problema, mas não o resolve, além de ser uma solução cara e trabalhosa.

Agora imagine se, ao invés de aprender uma nova língua (ou várias), os computadores é que se encarregam de descobrir a melhor linguagem para o seu interlocutor, e convertem a sua mensagem para tantos idiomas quantos foram necessários, preservando as características culturais específicas e utilizando uma interlíngua que somente eles, os computadores, precisam aprender e entender.

O nível mundial de integração entre povos e culturas seria muito mais elevado, ampliando significativamente a legitimidade das relações entre os Estados, e ampliando também a representatividade dos organismos internacionais, como a própria ONU, a OEA, a Comunidade Européia, o Mercosul e similares.

Pensando nisso, os principais especialistas mundiais no assunto criaram um consórcio tecnológico internacional cujo objetivo é acelerar o desenvolvimento de soluções nessa área. Os cientistas fundadores do grupo são de países como França, Espanha, Rússia, Itália, Romênia, Portugal, Índia, Japão, México Uruguai e Brasil, entre outros, e estiveram reunidos na Cidade do México, no final do mês de fevereiro, onde assinaram o Termo de Constituição do UNL Consortium, que vai funcionar nos moldes do W3C, o consorcio que rege a Internet.

Não há dúvida que o modelo regulatório é eficaz, tendo em vista o sucesso da Internet em praticamente todos os países do mundo. A idéia, então, é aplicar o mesmo modelo do “http”, da “@” e do “www” ao cenário das traduções, acelerando e ampliando a comunicação entre pessoas, instituições e governos. O encontro e a fundação do consórcio fizeram parte das atividades do CICLing 2005 (Conferência Internacional em Linguística Computacional), realizada no Instituto Politécnico Nacional, no México, uma instituição com mais de 300.000 alunos.

Os principais signatários do Consórcio são os seguintes:

-Prof. Dr. Christian Boitet, GETA, CLIPS-IMAG, Grenoble, França;

-Prof. Dr. Jesus Cardeñosa, VAI, CLE-UPM, Madrid, Espanha;

-Prof. Dr. Igor Buguslavsky, IITP, Moscou, Russia;

-Profa. Dra. Irina Prodanof, ILC, CNR, Pisa, Italia;

-Profa. Dra. Palmira Marrafa, FL, CLG-UL, Lisboa, Portugal;

-Prof. Dr. Pushpak Bhattacharyya, IIT, Bombay, India;

-Profa. Dra. Mutsuko Tomokiyo, GETA, CLIPS-IMAG, Grenoble, França;

-Prof. Dr. Leonid Iomdim, IITP, Russia;

-Prof. Dr. Etienne Blanc, GETA, CLIPS-IMAG, Grenoble, França;

Representantes do Brasil também estiveram presentes e assinaram o Termo de Constituição do consórcio, com destaque para os professores Tania Cristina Bueno (Dr), Alejandro Martins (Dr), alem do autor do presente artigo, representantes do Consórcio IJURIS/VIAS/WBSA, de Florianópolis.

Os pesquisadores brasileiros, além de testemunharem um importante momento da história digital, também foram os autores da proposta que resultou na criação do consórcio, e ficaram encarregados de relatar a versão final do documento na plenária final do encontro científico, sendo que a aceitação definitiva se deu por unanimidade.

Como comemoração, a equipe brasileira realizou a escalada de um vulcão próximo à Cidade do México, denominado Iztaccihuatl. Com 5.286m de altitude, Izta, como é chamado pelos locais, é o segundo maior vulcão da América do Norte, e um dos 10 maiores do mundo, dentre os escaláveis.

No Brasil, um dos primeiros aspectos positivos é a criação de um centro de excelência para desenvolvimento de aplicações em linguagens digitais universais, que vai funcionar em Florianópolis, cidade que foi escolhida pela sua vocação para o desenvolvimento de tecnologia e também pelo seu alto nível de alfabetização digital e acesso à Internet, fatos que a caracterizam como uma das principais capitais digitais do Brasil.

Clique aqui para ver fotos do encontro científico (e da escalada do vulcão).

Autores

  • post doc em governo eletrônico professor da UFSC. É também ex-secretario de Geração de Oportunidades de Florianópolis. Especialista em Informática Jurídica, doutor em Inteligência Aplicada e pós-doutor em Governo Eletrônico. Ex-Promotor de Justiça e ex-Procurador da Fazenda Nacional.

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