Filme que causou revolta na Líbia será alvo de ação
13 de setembro de 2012, 19h27
O governo do Egito instruiu sua embaixada em Washington, D.C., a processar os produtores e diretores do filme "Innocence of Muslims" (Inocência dos Muçulmanos), que provocou ataques à embaixada americana no país e ao consulado americano na Líbia — que resultou na morte do embaixador americano Chris Stevens. O filme retrata o profeta Maomé como "mulherengo, homossexual e abusador de crianças", de acordo com a agência Reuters e os jornais Egypt Independent e Al Monitor.
A ação judicial contra os produtores do filme deverá se basear em legislação internacional que criminaliza atos que fomentam agitação popular, porque representam agressões à cor, à raça ou à religião, segundo explicou o ministro das Relações Exteriores do Egito, Hisham Qandil, em uma declaração à imprensa, de acordo com a Kuwait News Agency.
A decisão de levar a questão para a Justiça foi tomada pelo presidente do Egito, Mohamed Morsi, de acordo com o porta-voz presidencial Yasser Ali. "Ele disse que todos os procedimentos jurídicos possíveis devem ser tomados contra todos aqueles que estão tentando danificar as relações e o diálogo entre as nações e os povos". O advogado-geral do Egito, Abdel Majid Mahmoud, quer que sejam investigadas "as difamações do Islamismo".
As primeiras reações contra o filme que, segundo a Associated Press, foi produzido por Sam Bacile, um empreendedor imobiliário israelense-americano, ocorreram no Egito e na Líbia, onde as embaixadas americanas foram atacadas. Na Líbia, os ataques resultaram na morte do embaixador americano Chris Stevens e de mais três americanos de sua equipe. Os ataques ao consulado americano ocorreram em Benghazi, cidade que foi o berço das rebeliões líbias, apoiadas pelos EUA, que resultaram na morte de Muammar Gaddafi.
Algumas publicações, como a Times Live, noticiaram que Nakoula Basseley Nakoula, 55, acusado de fraudar bancos, participou da produção do filme. Mas o bispo Serapion, da comunidade copta de Los Angeles, disse à agência Reuters que Nakoula nega qualquer participação no filme. Ele teria dito ao bispo que a mídia pode ter confundido sua identidade com a de outra pessoa.
Posteriormente, a revolta se espalhou por outros países do Oriente Médio, com maioria muçulmana. Demonstrações populares, protestos e queimas de bandeiras americanas foram registradas na Tunísia, Sudão, Marrocos, Irã, Iêmen e Nigéria. No Egito, o presidente Morsi pediu ao governo americano que tome providências duras contra os realizadores do filme. Nos Estados Unidos, o presidente Obama respondeu que vai caçar os assassinos do embaixador americano.
Texto alterado às 13h15 do dia 14 de setembro de 2012 para acréscimo de informações.
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