Empatia geral

Falha de S.Paulo ganha versões após ser tirado do ar

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9 de outubro de 2010, 16h29

O site Falha de S.Paulo, criado com a intenção de satirizar o jornal Folha de S.Paulo, está fora do ar e seu registro foi congelado após liminar concedida pela Justiça ao grupo que administra a publicação. Mas, a empatia gerada pelo falecido gerou dois novos blogs, esta semana, com o mesmo nome. A notícia é do Portal Imprensa.

No final da tarde de terça-feira, foi divulgado o Falhadesaopaulorat.blogspot.com, espaço que reproduz um post do blog Boteco Sujo. O texto "Censura eu, Folha" incentiva a publicação a agir contra a página.

Criado pelo internauta "RatoSujo", o blog ressalva que as informações foram retiradas do Boteco Sujo sem autorização de seu autor. É alimentado também por vídeos contra o "Partido da Imprensa Golpista (P.I.G)".

Outro simpatizante da causa do Falha de S.Paulo – utilizando o mesmo nome – criou um novo site sobre o tema, mas hospedou a página em um provedor norte-americano e prometeu montar um novo espaço a cada proibição ou intervenção judicial.

Crítica bem-humorada
O Falha de S.Paulo nasceu há 20 dias. Os irmãos Lino e Mario Bocchini faziam de três a cinco postagens diárias, usando a diagramação e as fontes gráficas da publicação impressa, com títulos como "Só a Folha pode definir o que é democracia".

"A gente fazia uma crítica bem-humorada ao jornal, por considerá-lo partidarizado. Tinha fotomontagem, piadinhas, balões de fala nas fotos", conta o jornalista Lino. "O que surpreendeu a gente é que a liminar fala em folhas 80 e 81 do processo. Ou seja, a Folha abriu um processo de mais de 80 páginas contra um blog independente".

Na manhã de segunda-feira (4/10), os irmãos receberam um e-mail do departamento de assessoria jurídica do Registro.Br, empresa responsável pela administração dos registros de domínio de internet no Brasil. Segundo o comunicado, o domínio falhadespaulo.com.br permanecerá congelado para atender à decisão do juiz de Direito da 29ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo, Nuncio Teophilo Neto.

Antes da liminar, o Falha de S.Paulo tinha cerca de 1 mil acessos diários. No sábado, quando os blogueiros publicaram a liminar e tiraram todo o conteúdo do ar, o número de visitas subiu para 40 mil. A dupla mantém ainda um perfil no Twitter.

No post de despedida, Lino e Mario escreveram ser “impressionante a hipocrisia da Folha”. No dia 26 de setembro, o jornal publicou um editorial na primeira página defendendo a irrestrita liberdade de expressão — como conta Lino, “mesmo quando incomodarem pessoas poderosas”. Além disso, o periódico criticou a tentativa de impedir o uso de humor nas campanhas eleitorais deste ano.

A justifcativa
O pedido de liminar não foi para impedir a sátira em si, mas sim zelar pela marca do jornal, segundo a advogada da publicação, Taís Gasparian. “A Folha, como qualquer outra empresa, deve preservar a sua marca”, disse ela. Sobre a multa definida pelo juiz, ela diz ser baixa.

Lino não concorda com a advogada. Para ele, o valor é excessivo, ainda mais se tratando de um blog independente, que não possui publicidade ou banners. “O que a Folha fez foi uma manobra jurídica pra encobrir a censura. Ao mudar a esfera da ação da liberdade de expressão para o uso indevido da marca, o jornal deu uma desculpa esfarrapada.”

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