Esforço coletivo

Venezuela pede à ONU ajuda em acordo com a Colômbia

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27 de julho de 2010, 14h59

A Venezuela apelou, nesta segunda-feira (26/7), à Organização das Nações Unidas (ONU) para que se mantenha em alerta em meio à crise do país latino com a Colômbia. O embaixador da Venezuela nas Nações Unidas, Jorge Valero, entregou ao secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, uma carta detalhando as razões que levaram ao rompimento diplomático entre os dois países e pediu colaboração para negociar um acordo com o futuro governo do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. A notícia é da Agência Brasil.

“Esperamos que o novo governo da Colômbia seja capaz de rever o acordo firmado com os Estados Unidos para a construção das sete bases militares em território colombiano. O que constitui uma ponta de lança para os povos e os governos do continente que são progressivos e representa um dos enclaves militares para estender a dominação imperialista em nosso continente”, disse o venezuelano.

As informações são da agência de notícias da ONU. Ao entregar a carta informando sobre o rompimento das relações entre a Venezuela e a Colômbia, o embaixador venezuelano pediu que Moon encaminhe cópias para todos os integrantes das Nações Unidas. Segundo o diplomata da Venezuela, a expectativa é que seja possível uma “solução negociada e pacífica para o fim do conflito”.

Às vésperas da reunião dos ministros das Relações Exteriores dos países que compõem a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito, para discutir a crise entre Venezuela e Colômbia, o governo do presidente do Equador e pró-tempore do bloco, Rafael Correa, afirmou que há um esforço coletivo para a busca de um acordo. Nesta terça-feira (27/7), o governo colombiano propôs a criação de um fórum dentro da Unasul para a discussão do tema. A reunião entre os ministros está marcada para esta quarta-feira (28/7) à tarde.

O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Na conversa, o diplomata mostrou disposição para negociar um acordo com a Colômbia e por um ponto final no impasse. Nesta terça-feira (27/7) ele irá à Argentina. Neste meio tempo o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, também faz uma série de visitas pela América do Sul antes da posse, no dia 7.

Comunicado da Presidência da República do Equador informa que Maduro quer avançar no diálogo: “Vamos tomar a posição da Venezuela que propôs a paz para a Colômbia”. O assunto será tema de uma reunião na qual estarão presentes os representantes da Bolívia, da Colômbia, do Equador, do Peru, da Argentina, do Brasil, do Paraguai, do Uruguai, da Guiana, do Suriname, do Chile e da Venezuela.

De acordo com o documento, o secretário-geral da Unasul, Nestor Kirchner, é o intermediador de conversas com Correa e do lado brasileiro, o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, na busca por uma solução para a crise. Segundo o comunicado, todos “renovaram o compromisso com a paz e a unidade na região e concordaram em realizar um esforço conjunto em favor dos países irmãos da América do Sul”.

O governo do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, defendeu a criação de um fórum específico da Unasul para discutir a crise com a Venezuela. Em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores colombiano, o governo informou que o “interesse da Colômbia é conseguir uma cooperação eficaz”. Antes, porém, sugeriu que: “[o ideal] é a definição de um mecanismo específico para tratar das questões de fundo”.

Histórico
A crise entre Venezuela e Colômbia agravou-se no último dia 22, depois que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações com o país vizinho. O venezuelano tomou a decisão momentos após a divulgação de informações, durante sessão na Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre a suposta existência de 87 acampamentos e 1,5 mil guerrilheiros em território venezuelano.

A acusação, feita pela Colômbia, provocou a indignação do governo da Venezuela e foi o estopim para que Chávez anunciasse a ruptura de relações diplomáticas. A partir daí houve manifestações de países latino-americanos que apelaram para a busca de um acordo entre colombianos e venezuelanos. O receio é que a crise contamine a região como um todo afetando a estabilidade política, econômica e social.

A disposição de negociar a mediação do conflito para o âmbito da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) deixa de lado os Estados Unidos — que também integra a Organização dos Estados Americanos (OEA) e é o principal aliado da Colômbia no continente. O que reforça, segundo especialistas, a unidade regional da América do Sul.

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