Opinião

O novo momento da advocacia exige habilidades de oratória e de comunicação

Autor

  • Diogo Póvoa

    é sócio administrador do Mesquita Póvoa Advocacia pós-graduado em Direito Público pelo Centro Universitário de Brasília e especialista nas áreas de Direito Constitucional e Administrativo.

1 de setembro de 2020, 18h13

Olá, advogado [1], estudante de Direito e servidor público. Como tem se sentido diante da atual circunstância e dos novos tempos da advocacia que se concretizam?

Por aqui, uma certa preocupação com o futuro do nosso exercício profissional, especialmente com aqueles que ainda não entenderam a importância da oratória e da comunicação efetiva na advocacia.

O fato é que a advocacia já vinha caminhando para uma nova realidade que foi impulsionada pela pandemia da Covid-19. É claro que agora sua principal preocupação (assim como é a minha) deve ser cuidar da saúde, mas devemos ser realistas de que já enfrentamos desafios completamente distintos, pois o que antes estava restrito à atuação escrita, agora se estendeu para atuações que envolvem a oratória e a comunicação: reuniões com clientes e demais advogados por vídeo; sustentações orais telepresenciais; audiências telepresenciais; despachos por áudio de WhatsApp ou vídeo.

Ou seja, acreditar que a sua atuação está restrita ao peticionamento (consolidado como eletrônico) pode ser um grande erro.

Muitos escritórios estão se movimentando para diminuir impactos da crise e aproveitar as oportunidades de uma atuação além da sua região. E, nós, advogados, estudantes de Direito e servidores também devemos pensar nisso.

O que podemos fazer agora para não perdermos espaço?

Eu tenho uma certeza: assim como o peticionamento eletrônico já enfrentou barreiras e resistências, mas encontrou seu espaço, as atuações da advocacia que vão além do espaço físico também se consolidarão de alguma maneira.

Nessa quarentena eu tenho dividido meu tempo entre o exercício da advocacia e as mentorias para advogados que estão se preparando para esse novo tempo.

Também tenho recebido muitas mensagens de colegas pedindo auxílio, pois a nova advocacia exige adaptações e combinatividades (combinação de conhecimentos).

Alguns exemplos de pedido de ajuda:

"Comecei a advogar recentemente. Mal vivi a atuação presencial e já estou em uma atuação telepresencial. Posso me preparar na quarentena para ter uma oratória e uma comunicação mais efetivas?".

"Estou com dificuldade em me relacionar com clientes. O que eu faço?".

"Está muito desafiador tornar comum as informações dentro do escritório ou da minha empresa. Como posso ser mais efetivo e afetivo?".

"Para onde devo olhar e como devo gesticular em uma atuação por vídeo?".

"Não me sinto bem ao me ver falando. Por que isso acontece?".

"Tenho muito receio das sustentações orais, principalmente, telepresenciais. Alguma dica?".

Eu não sei se você já se fez essas perguntas.

Se ainda não fez, pense nisso um pouco, pois vale a pena. Porém, se você já se fez essas e outras perguntas, preste atenção.

Ler esse conteúdo até o final vai abrir seus olhos para sua jornada na advocacia, pois você precisa tomar consciência, ter didática e gerar ação nas pessoas (clientes, parceiros, magistrados e serventuários do Judiciário) por meio de uma oratória e uma comunicação efetivas e afetivas.

E eu posso afirmar que essas habilidades são realmente essenciais para a sua prosperidade na nova advocacia em que estamos imersos ou imergindo.

Em minha carreira profissional, na advocacia e no Instituto Verbalize, eu já encontrei profissionais de diversos perfis.

Alguns, tecnicamente incomparáveis. Exerciam suas funções com habilidade, foco e competência, mas que ainda passavam a imagem de que faltava algo.

Outros, com um conhecimento muitas vezes básico, mas que sabiam exatamente como lidar com pessoas e usar a oratória e a comunicação em seu favor. Essas pessoas sempre estavam em evidência nos escritórios, no Judiciário (ou órgãos públicos), perante clientes, nas faculdades e universidades.

O perfil que eu acredito ser ideal é o do advogado que é capacitado na linguagem escrita e sabe usar a oratória e a comunicação para tornar comum suas atuações e intenções, além de se relacionar bem com os clientes, parceiros, magistrados ou serventuários do Judiciário, sem parecer pedante.

Saber como usar a comunicação e a publicização da sua atuação, dentro dos limites do Código de Ética da OAB (por óbvio), para se destacar no mercado de trabalho não é um truque. É uma habilidade fundamental para quem quer se destacar nesse novo momento da advocacia.

Quem não souber como ter uma oratória e uma comunicação consciente, didática e que gere ação, está fadado a ficar para trás.

E, se você está lendo isso e pensando: "Trabalho em um escritório/empresa, mas não me relaciono com clientes, não realizo sustentações orais, não faço despachos ou audiências". Eu te digo: você não poderia estar mais enganado. Você ficará para sempre fazendo a mesma atividade? Você não quer crescer na sua carreira profissional?

Como eu disse, na minha trajetória, conheci pessoas com um potencial incrível que não tiveram a carreira que mereciam simplesmente por não saber como tornar comum de maneira consciente e didática todas capacidade técnicas que colocavam na linguagem escrita.

Nesse sentido, você tem três escolhas: congelar no tempo, fugir da nova advocacia ou se preparar para enfrentá-la.

E você pode fazer a sua escolha. Se quiser estar no grupo de advogados que já entenderam a nova realidade e, mesmo nessa época difícil, escolhem agir, fique atento.

Estamos passando por um momento de possibilidade de atuação independentemente de presença física. E isso pode fazer com que grandes escritórios, profissionais renomados e parceiros possam se fazer presentes por meio telepresencial, concorrendo com o seu espaço de atuação.

Quem investir em ferramentas de capacitação em oratória e comunicação, certamente terá capacidade de se expandir além da atuação territorial.

 


[1] Utiliza-se a flexão de gênero masculino (padrão), não para expor consentimento com as opressões de gênero, mas apenas por uma questão de facilidade na escrita e na leitura.

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