Combate ao assédio moral no trabalho também é estratégia de sucesso nos negócios
2 de maio de 2025, 15h21
É direito do empregador gerir seu negócio, zelar pela boa execução de suas atividades e adotar estratégias de gestão que contribuam com a produtividade, lucratividade e com o sucesso dos seus negócios.
No entanto, a busca por melhores resultados no ambiente corporativo, quando somada ao despreparo da equipe, pode resultar em assédio e, consequentemente, em prejuízos de cunho moral e material.
O assédio moral é uma realidade que precisa ser enfrentada, não só porque é dever dos empregadores promover o trabalho decente, mas, também, porque a sua prevenção e combate é estratégia de negócios.
O sucesso de uma empresa está diretamente ligado à sua imagem institucional. Uma marca reconhecida por promover um ambiente de trabalho saudável, ético e seguro fideliza clientes, atrai e retém os melhores talentos e investidores. Atualmente, a ausência de condenações por assédio ou discriminação é um dos critérios exigidos para se pactuar grandes contratos, parcerias estratégicas e até oportunidades em licitações.
Combater e prevenir o assédio demonstra responsabilidade social, fortalece a governança corporativa e posiciona a empresa entre aquelas que são vistas como confiáveis, éticas e preparadas para crescer com solidez.

O assédio também reflete na produtividade e no engajamento do time, porque impacta diretamente a saúde do trabalhador. Pessoas adoecidas produzem menos, têm dificuldades de convivência no ambiente de trabalho e comprometem o desempenho coletivo. Promover um ambiente organizacional saudável, com foco na prevenção dos riscos psicossociais — como estresse, assédio moral, burnout e discriminação, garante menos afastamentos e rotatividade, mais engajamento e cooperação, bem como equipes mais produtivas e motivadas.
É um desafio garantir um ambiente de trabalho saudável, diante de ambientes corporativos cada vez mais diversos e competitivos, por isso, todos os esforços devem ser empenhados nesse sentido, além de um canal de denúncias ou Código de Conduta claro, deve-se adotar ações que viabilizam uma transformação cultural e institucional, como por exemplo, realização de palestras, cursos e campanhas para promover do trabalho decente, rodas de conversas, treinamentos regulares para lideranças e colaboradores, letramentos de gênero e raça, grupos de apoio e de afinidades, monitoramento do clima organizacional e promoção de uma cultura de respeito e inclusão.
Ambiente sustentável
Todas essas iniciativas de prevenção ao assédio também devem ser pensadas sob a perspectiva de gênero e raça, pois, um ambiente de trabalho mais equitativo e sustentável, exige iniciativas que considerem as vivências atravessadas por essas duas inscrições culturais e marcadores de lugares, já que as pesquisas apontam que 31% das mulheres já sofreram assédio moral, enquanto que o percentual dos homens é de 22% [1].
Ao fazermos um recorte de raça dentro do grupo de gênero feminino constatamos que as mulheres negras são as mais assediadas, sendo que o percentual de assédio é 13% maior que o das mulheres brancas, e 128% maior do que todos os homens. Esses índices mostram os diferentes atravessamentos vivenciados pelas mulheres negras, reforçando a importância de pensarmos nos impactos de gênero, raça e suas interseccionalidades e construirmos um ambiente laboral que se atente as especificidades de gênero e raça [2].
Qualquer medida de prevenção ao assédio que ignore gênero e raça é contraproducente, pois, ineficiente para prevenir os principais conflitos e adoecimentos no ambiente de trabalho, e, consequentemente, incapaz de evitar os afastamentos por incapacidade laboral, condenações judiciais e danos à reputação da empresa.
Prevenir e combater o assédio moral no trabalho é mais que um dever legal e moral, é uma estratégia de negócios essencial para o sucesso empresarial.
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[1] Veja. Mulheres sofrem cinco vezes mais assédio sexual no trabalho, aponta estudo. Disponível aqui
[2] Assédio e Gênero nas Empresas, Santo Caos, 2023. Disponível aqui
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