Opinião

A questão ambiental e as expectativas para 2023, o ano climático

Autor

  • Diego Pereira

    é procurador federal (AGU) doutorando e mestre pela UnB pesquisador do clima Justiça desastres e litígio climático e autor de Vidas Interrompidas pelo Mar de Lama (Lumen Juris 2ª edição 2020).

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1 de janeiro de 2023, 6h17

O ano novo e toda a expectativa de mudança que ele representa é uma ficção que está presa em nossos pensamentos? Questiona Fernando Pessoa em seu poema denominado Ano Novo.

A pergunta retórica do poeta português não pode ser um impedimento à necessidade de mudanças no mundo real quando estamos falando de meio ambiente, clima e justiça.

2022 provou isso ao Brasil e ao mundo. Foram mais de 500 mortes no país em decorrência de desastres ambientais. Os entes federados presenciaram uma redução significativa no orçamento da defesa civil e na prevenção de desastres. O desmatamento aumentou consideravelmente e a política ambiental passou por uma desvalorização da carreira de técnicos ambientais sem precedentes na história do país.

O mundo experimentou excesso de calor e frio com consequência de mortes. A produção de alimento e de energia foram afetadas. Serviços básicos como de saúde e transporte sob risco de colapso.

O Brasil e o mundo urgem por mudanças e elas se iniciaram na COP27, ocorrida no Egito em novembro último, oportunidade em que países desenvolvidos acataram pedidos de perdas e danos dos países mais vulneráveis, maiores vítimas da emergência climática. Com isso, a expectativa é que a partir de agora a questão ambiental volte ao centro do poder, no Brasil e no mundo.

Toda mudança tem uma razão de ser, e a necessidade desta, aqui tratada, é justamente pela transversalidade que a questão ambiental/climática carrega consigo já que afeta o sistema de saúde, de empregos, o direito de moradia, o acesso a alimentos, o fornecimento de energia; além disso tudo, ainda ameaça a sobrevivência de outras espécies e a própria vida biótica e abiótica do planeta.

Vivemos na Era é do Antropoceno, mas a centralidade dever ser do meio ambiente. Tudo bem que seja um ambiente transformado, mas que por isso mesmo carrega vidas, carrega histórias e acontecimentos. Daí porque a ação humana deve ter como meta inegociável nesse ano de 2023 a atenção com a questão climática.

Já que estamos falando de ano novo, a palavra tendência é bem vinda. E a tendência para 2023 é o clima. O clima como política pública que possibilita a dignidade dos mais vulneráveis no Brasil e no mundo.

Os encontros e acordos internacionais também tocarão nessas temáticas porque o planeta necessita desse esforço conjunto.

A divisão do tempo em fragmentos de 365 dias, ao menos no calendário gregoriano, é mais uma oportunidade que a humanidade se dá para possibilidades de transformações que, embora desconhecida da natureza, fomenta o progresso que deve ir além do bem estar das pessoas.

O progresso social e tecnológico deve incluir pessoas sem descuidar da natureza. Essa deve ser a tendência a ser transformada em meta no ano de 2023.

Autores

  • é assessor da Presidência da República e procurador federal (AGU). Doutorando em Direito (UnB). Mestre em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB. Autor de "Vidas interrompidas pelo mar de lama" (Lumen Juris, 3ª ed. 2023).

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