Prestígio abalado

Índice de aprovação da Suprema Corte dos EUA atinge seu nível mais baixo

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4 de agosto de 2023, 14h31

A última pesquisa do Instituto Gallup, realizada de 3 a 27 de julho (ou seja, logo depois de encerrado o ano judicial de 2022-2023), mostra que o índice de aprovação popular da Suprema Corte dos EUA atingiu seu nível histórico mais baixo: 40%. Dos entrevistados, 58% declararam que desaprovam o trabalho da corte e 2% não souberam responder.

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O mesmo índice foi atingido em alguns meses dos dois anos anteriores. O índice mais alto já atingido foi de 62%, em 2000, quando a pesquisa começou a ser feita, e em 2001. De qualquer forma, o índice de aprovação do Judiciário, em geral, continua mais alto do que os do Executivo e Legislativo — esse sempre o mais baixo.

De uma maneira geral, o prestígio da Suprema Corte oscila com os ventos provocados pelas decisões que toma, em cada período, que podem agradar os republicanos, bem como a mídia conservadora, e desagradar os democratas e a mídia liberal — e vice-versa.

O índice de aprovação da Corte caiu muito desde que o ex-presidente Donald Trump nomeou três ministros e a ala conservadora passou a ter uma maioria de 6 a 3, garantindo, com suas decisões, a satisfação dos republicanos e o desgosto dos democratas.

Por exemplo, a pesquisa de 2023 mostra que o índice de aprovação da Suprema Corte entre os republicanos foi de 62%, enquanto, entre os democratas, foi de apenas 17% — entre os eleitores independentes (ou que não têm partido), a aprovação foi de 43%.

Esses percentuais refletem o que aconteceu no ano: em quatro casos polêmicos, desses que agitam as emoções, a Corte tomou três decisões que agradaram os republicanos e desagradaram os democratas. E uma decisão que provocou o efeito contrário.

A diferença entre a percepção da Corte por republicanos e democratas foi de 45 pontos percentuais — a terceira maior da história.

A maior ocorreu no ano judicial 2021-2022: a diferença foi 61 pontos percentuais (74% de aprovação pelos republicanos e apenas 13% pelos democratas), por causa da decisão que reverteu o precedente que havia legalizado o aborto em todo o país (em Roe v. Wade).

Em 2015 foi o contrário: 76% dos democratas aprovaram o trabalho da Corte, contra apenas 18% dos republicanos (com uma diferença de 58 pontos percentuais, a segunda maior), porque ela legalizou o casamento gay e manteve o Obamacare, o seguro-saúde da população que não pode adquirir um plano de saúde particular.

No final das contas, os baixos índices de aprovação da Suprema Corte se devem mais ao descontentamento dos democratas com as decisões do que dos republicanos. Nos últimos anos, o índice de aprovação da Suprema Corte pelos democratas foi sempre abaixo de 23%, enquanto o de republicanos foi sempre acima de 60%.

As pesquisas do Gallup indicam que os índices de confiança da população nos tribunais federais de primeira e segunda instâncias também são baixos. Na pesquisa do ano passado, apenas 47% dos entrevistados declararam que confiam nos juízes federais. Anos atrás, os índices de confiança na justiça federal nunca estavam abaixo de 60%.

O Gallup também pesquisou a opinião dos eleitores sobre o presidente da Suprema Corte, John Roberts. O resultado obtido foi o de que 43% dos entrevistados aprovam o trabalho de Roberts, 30% desaprovam e 27% não souberam responder — desses últimos, 19% declararam que nunca ouviram falar de John Roberts.

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