Opinião

O mercado jurídico e o racismo estrutural

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20 de novembro de 2022, 6h05

A perpetuação do racismo estrutural e institucional impediu e continua impedindo que os negros ocupem lugares de destaque e de protagonismo na sociedade e no mercado de trabalho.

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Ao observarmos os dados sobre emprego, vemos que menos de 3% de mulheres e homens negros ocupam cargos de liderança e de gerência, isso de acordo com uma pesquisa de 2015 do Pnad/IBGE.

Ao olharmos especificamente para o meio jurídico, apenas 1% dos advogados dos grandes escritórios são negros, de acordo com um levantamento feito em 2018 pela Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades).

Em dados mais recentes, a 2ª Edição da Análise Advocacia Diversidade e Inclusão 2022, trouxe o seguinte panorama: 11% dos escritórios pesquisados não têm advogados negros na equipe, apenas 5% dos escritórios pesquisados possuem processo seletivo exclusivo, a pesquisa ainda aponta que apenas 13% das bancas de advocacia possuem planos de carreiras focados em grupo social específico e, por fim, 46% dos advogados autodeclarados negros não ocupam cargo de sócio nas bancas.

As estatísticas acima reforçam o quão o racismo e a desigualdade social afetam a colocação dos negros no mercado de trabalho em posições de liderança e, consequentemente, nas bancas de advocacia.

Neste dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra e, para além de celebrar e valorizar a cultura negra, também é um momento propício e oportuno para conscientização de todos os envolvidos a necessidade de práticas antidiscriminatórias, com enfoque na colocação de homens e mulheres negras em posição de liderança e mais oportunidades no mercado de trabalho jurídico.

São necessárias ações afirmativas, como a criação de processos seletivos visando a contratação de advogados negros, a criação de políticas e incentivos para retenção dos advogados negros no escritório, além da criação de programa de talentos visando a contratação de estagiários negros com plano de carreira no escritório.

O papel institucional das empresas e dos escritórios de advocacia é fundamental para mudança do panorama e da perspectiva do negro enquanto trabalhador e advogado. 

Algumas bancas e empresas, por outro lado, diante da absoluta consciência de sua responsabilidade social já adotam práticas inclusivas, mas o caminho para igualdade é longo e sinuoso. No entanto, com oportunidades, é certo que os talentos esatrão no lugar merecido.

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