Delação premiada

Ex-diretor financeiro de empresa de Trump testemunha sobre fraudes fiscais

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17 de novembro de 2022, 9h31

Em um acordo de delação premiada com a Promotoria de Manhattan, o ex-diretor financeiro da Trump Organization, Allen Weisselberg, testemunhou em uma corte estadual de Nova York que a empresa do ex-presidente Donald Trump cometeu fraudes fiscais por 15 anos, oferecendo mordomias a altos executivos, em vez de aumentos salariais — e declarando pagamentos falsos de bônus a eles — para sonegar impostos.

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ReproduçãoEmpresa de Trump cometeu fraudes fiscais por 15 anos, segundo ex-CFO

Weisselberg, 75, declarou que, em seu caso específico, as mordomias lhe foram concedidas em forma de aluguel de apartamento em Manhattan, com vista para o Rio Hudson, aluguel de duas Mercedes Benz e mensalidades de escolas privadas para seus netos. A empresa pagou de US$ 7 mil a US$ 8 mil por mês pelo aluguel, mais suas contas de energia elétrica, água, telefone e vagas na garagem.

Ele disse que essas despesas chegaram a mais de US$ 200 mil por ano. E que se a Trump Organization tivesse aumentado seu salário para cobrir essas despesas, em vez de pagá-las, a empresa teria de gastar o dobro dessa quantia, por causa dos impostos. Se levar em conta os casos de outros executivos, os custos seriam de centenas de milhares de dólares.

O ex-diretor financeiro testemunhou que essas mordomias lhe foram oferecidas pelo próprio Trump. O ex-presidente lhe teria dito que preferia que ele morasse perto da empresa, que tem sede na Quinta Avenida de Nova York. E passasse mais tempo na empresa do que nas viagens de ida e volta de trem entre Long Island e Manhattan.

"Isso vai ajudar você e vai ajudar a empresa", ele teria dito. E ajudou. Weisselberg testemunhou que recebeu US$ 1,76 milhão não contabilizado e não declarado às autoridades fiscais, de forma que ele e a empresa participaram em um esquema de sonegação de impostos, segundo o site Politico.

Weisselberg fez o acordo de admissão de culpa com a Promotoria de Manhattan em agosto, em troca de uma sentença de apenas cinco meses de prisão (no presídio de Rikers Island), desde que ele mantenha a promessa e testemunhe honestamente. Se violar o acordo, poderá pegar uma pena de 15 anos de prisão.

Após fazer o acordo, ele renunciou ao cargo. Mas permaneceu na Trump Organization como consultor sênior da empresa, com praticamente as mesmas responsabilidades, até outubro. Ele disse ao júri que continua recebendo US$ 640 mil por ano, apesar de não trabalhar desde que fez o acordo, e espera receber um bônus de US$ 500 mil em janeiro.

A Trump Organization se declarou, através de seus advogados, "não culpada" de todas as acusações contra a empresa, apresentadas pelos promotores em 2021. Inicialmente, os advogados atribuíram a culpa dos "erros" a Weisselberg e à empresa de contabilidade Mazars, que prepara as declarações de imposto de renda da Trump Organization e de Trump.

Na audiência de terça-feira, os advogados apresentaram uma nova linha de defesa, baseada na ideia de que "Trump é apenas um patrão generoso". Os cheques assinados por Trump e por seu filho Eric "são apenas presentes — e não parte de qualquer esquema", eles disseram aos jurados, segundo o Business Insider.

Weisselberg voltará a testemunhar nesta quinta-feira (17/11), no julgamento de fraude fiscal. Se a Trump Organization for condenada, poderá ser multada em US$ 1,6 milhão.

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