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Fevereiro registra aumento de 147% na venda de carros elétricos

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25 de março de 2022, 17h39

A preocupação mundial pelo avanço da crise climática faz com que tanto os governos quanto as indústrias do setor privado — graças à pressão dos grupos ativistas na matéria — tenham desenvolvido e aplicado algumas mudanças, ainda que insuficientes, nas suas regulações e processos para tentar diminuir os efeitos prejudiciais da atividade humana sobre a natureza.

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O problema é sério levando em conta que, de acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU, entre 3,3 e 3,6 bilhões de pessoas no mundo são vulneráveis às mudanças climáticas provocadas pelo homem, com consequências marcadamente piores nas regiões com fragilidades socioambientais, como é o caso do Brasil.

Esse panorama tem gerado na população toda uma maior consciência da importância dos cuidados ao meio ambiente e uma procura por incorporar hábitos mais "eco friendly" no dia a dia, como a reciclagem, a diminuição no consumo de plásticos e o incremento no uso de bicicletas e patinetes para se deslocar pela cidade.

O fenômeno também parece estar se refletindo na comercialização de veículos no Brasil. De acordo com os dados fornecidos pela Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), no passado fevereiro foram emplacados 3.435 carros elétricos e híbridos marcando um incremento de 147% em comparação com o mesmo período de 2021, e se posicionando como o melhor fevereiro da série histórica da Associação.

Ainda que o aumento tenha sido extraordinário, a incidência dos veículos elétricos no país continua sendo menor. Acontece que o número de vendas já mencionado representa apenas 2,8% do total de vendas domésticas de carros e comerciais leves do país que, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) foi de 120.192 unidades. Isto quer dizer que o setor de eletrificados vem conquistando aos poucos o mercado doméstico, mas por enquanto resta muito por fazer.

Qual é o motivo do aumento nas vendas?

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Para o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, um dos fatores que provocou o crescimento da procura por veículos elétricos e híbridos é o forte aumento dos combustíveis no Brasil. O argumento é lógico considerando as últimas variações nos valores publicados nos postos de gasolina. Após o reajuste de 18% anunciado pela Petrobras, a alta nas refinarias se traduz num aumento de 6,2% na bomba. Finalmente, em algumas regiões do país, a gasolina já está sendo vendida acima dos R$7 por litro. Oferecer, então, uma alternativa de mobilidade que não dependa deste tipo de energia parece bastante atraente.

Esse não é o único benefício econômico de ter um carro elétrico ou híbrido. No Brasil já são oito os estados que concedem a isenção total do IPVA para este tipo de veículo: Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará. É possível que motivo como esses, junto com a ideia de estar beneficiando ao planeta, tenha feito com que mais de 60% dos brasileiros tenha interesse em adquirir um veículo eletrificado, segundo uma pesquisa encomendada pelo Itaú Unibanco.

Tipo de carros eletrificados
O principal conselho para quem gostaria de comprar um carro desse tipo é se informar o suficiente acerca do funcionamento e características dele, pois existem no país, e no mundo, muitas opções dentro do mundo dos eletrificados, cada uma com condições particulares. As variantes influenciam no preço do produto, consumo de combustível ou eletricidade e até o tipo de apólice adequada, para o qual é bem útil fazer a simulação do seguro de carro.

Em linhas gerais, a primeira diferença entre veículos elétricos (VE) e veículos elétricos híbridos, é que os primeiros podem ser colocados numa espécie de tomada (plugue) para carregá-los mediante uma fonte de energia externa, no entanto os segundos complementam um motor a combustão com a energia da bateria, mas sem conseguir carregar por meio da tomada.

Assim, podemos dizer que existem três modalidades de veículos elétricos (ou eletrificados): 100% elétricos, híbridos e híbridos plug-in. Além disso, dentre os 100% elétricos, é possível diferenciar os elétricos a bateria (BEV) e os carros elétricos a célula de combustível (FCEV) carregados pela energia da rede, mas que também podem ter parte da sua bateria recarregada pelos freios regenerativos reaproveitando a energia perdida na frenagem do veículo.

BEV. É o carro puramente elétrico, geralmente chamado de Battery Electric Vehicle (BEV) pois não utiliza nenhum outro combustível além da energia elétrica das baterias. Atualmente eles são mais caros do que os híbridos, porém a sua manutenção é bem mais económica e não emitem gases. Na realidade, a principal limitação para que esses veículos possam concorrer verdadeiramente com os carros a combustão é a falta de infraestrutura necessária para carregar as baterias. É preciso que, pelo menos, os postos de gasolina adicionem estações de recarga no seu serviço.

HEV. Os famosos carros híbridos, criados pelos fabricantes para aproveitar a eficiência das baterias, mas garantindo maior autonomia mediante o uso da gasolina. Chamados de Hybrid Electric Vehicle (HEV) por terem um motor à gasolina, tanque de combustível, baterias e pelo menos um motor elétrico. Neste caso, o carro não pode ser carregado diretamente com eletricidade senão que o motor à combustão move o veículo gerando energia para carregar as baterias. Já o motor elétrico é utilizado para tornar o carro mais eficiente diminuindo em grande medida o consumo de combustível. É importante levar em conta que a mecânica deste tipo de unidades é mais complexa por ser a combinação entre a tecnologia de um carro elétrico e a de um veículo à combustão.

PHEV. Bastante parecido com o HEV, mas com a enorme diferença de que, além de poder ser abastecido com gasolina, ele também pode ser carregado diretamente com energia elétrica, daí o nome Plug-in Hybrid (PHEV). Com essa característica, o motorista pode escolher utilizar o tanque de combustível para trajetos mais longos, nos quais não existam estações de recarga, deixando o uso da eletricidade nas viagens curtas do dia a dia, logrando maior economia no combustível por km. Geralmente, o motor a combustão tende a ser menos utilizado nestas unidades, o que faz com que a manutenção delas seja um pouco mais barata do que o HEV.

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