Opinião

A pandemia da Covid-19 no Brasil

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14 de abril de 2021, 14h35

A postura adotada pelo governo (latu sensu, ou seja, nos três níveis de poder) para conter e reduzir os efeitos da pandemia no Brasil se mostra, a meu sentir, extremamente vacilante, levando a população à atual situação de insegurança e desrespeito as providências que se fazem necessárias na atual conjuntura.

Tenho autoridade para falar pois a minha família é toda de médicos, fato que, por si só, não seria suficiente para justificar a minha alegada autoridade, daí a necessidade de justificar minha posição sobre o assunto.

Meu avô por parte de mãe, doutor José Luiz Guimarães, foi condecorado pelo governo por ter sido considerado herói nacional quando, durante a revolução paulista 9 de Julho, em defesa da Constituição, morando no quarteirão do Palácio Campos Elísios, sede do governo constitucionalista do Estado de São Paulo, sob forte tiroteio, socorreu, em pleno campo de batalha, debaixo de fogo cruzado, os soldados feridos.

Meu avô por parte de pai, doutor Eduardo Rabello, professor catedrático da Faculdade Nacional de Medicina, médico dermatologista, pesquisador e integrante da direção da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), enfrentou a Revolta da Vacina, tendo comandado a equipe que extinguiu a febre amarela, bem como combateu a varíola e a hanseníase (lepra), fato que teve repercussão mundial e que levou Charles De Gaulle, na qualidade de presidente da França, a convidá-lo para ir a Paris receber, de suas mãos, a medalha da Legion D’honeur, que lhe foi conferida pelo Parlamento francês por relevantes serviços prestados à humanidade. Entre outros medicamentos, foi o inventor da pasta d'agua que deu origem aos atuais protetores solares, medicamento que, até hoje, protege as pessoas do câncer de pele.

Não bastassem esses fatos, o meu primo, Eduardo Rabello de Sá e Silva, mudou-se para os Estados Unidos, a convite da Pfizer, para compor sua equipe de pesquisadores, tendo feito parte da que criou o medicamento citrato de sildenafila, mais conhecido como Viagra.

Convivo no meio médico desde criança e até hoje, já que minha esposa é da área de saúde, na qual sempre atuou em várias instituições. Foi nesse meio que sempre vivi, e foi ele que muito me ajudou na atuação como magistrado, sendo que a minha discordância, aqui expressada, decorre, a meu ver, da falta do apoio necessário com que deveriam contar as instituições para enfrentar as pressões que sofrem nossos governantes por parte das mais diversas áreas, para a implantação do único recurso que tem se mostrado eficaz, mundo afora, como a única medida que consegue conter a pandemia, qual seja: um verdadeiro lockdown que conte com o apoio dos três poderes atuando em perfeita harmonia, o que infelizmente não vem ocorrendo.

Como exemplo, o governo do Estado do Rio de Janeiro vem adotando a medida "a conta-gotas". Decretou um lockdown parcial, se é que assim se possa chamar, e, quando a providência estava a ponto de mostrar seus resultados, "liberou geral", sem dúvida na certeza de que, quando a liberação começar a gerar críticas por parte daqueles que esperavam uma posição mais duradoura, ele argumentará com a possível redução que vai surgir em decorrência da branda medida restritiva, e assim vamos levando até que sejamos o último país a derrotar o vírus, decorrência da vacinação plena de sua população.

É realmente lamentável que estejamos ocupando, a nível mundial, uma posição incompatível com o nosso sistema de imunização reconhecido  como extremamente bem elaborado e eficiente. Agora só resta lamentar!

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