Opinião

O novo normal da advocacia corporativa

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4 de agosto de 2020, 6h34

Nos últimos dias me propus, de maneira um tanto quanto ousada, a refletir sobre o que as empresas — considerando as da economia tradicional e da nova economia — esperam de um escritório de advocacia em pleno 2020? E mais, o que vão esperar quando as graves dificuldades do momento atual passarem?

Fico, ainda, pensando: se o advogado não tiver uma visão de negócio para seu escritório, como ele pode ser útil para contribuir de modo criativo e propositivo na sugestão de soluções jurídico-empresarias que levem seus clientes corporativos a gastar menos, faturar mais e, por consequência, ter maior lucro?

A crise e todas as transformações aceleradas pela pandemia demandam urgentemente que os escritórios comecem a estruturar governança, selecionar profissionais complementares e alinhados ao objetivo da firma para compor o seu time, estabelecer códigos de conduta ética e padrão de qualidade técnico e no atendimento, assim como metas e políticas de compartilhamento de ganhos.

Toda essa construção organizacional, entretanto, exige forte disciplina e comprometimento de todos da equipe. Terminou aquele cenário em que um amontoado de profissionais que se associam por motivos diversos e se acomodam em projetos que não saem do lugar comum, oferecendo o básico do contencioso ou da consultoria jurídica.

Essa nova realidade exige que nos aperfeiçoemos a cada dia, determinada ainda uma estratégia milimetricamente calculada para atingir os objetivos traçados. Além de contar com profissionais absolutamente qualificados tecnicamente, faz-se imperioso investir na construção de uma estrutura tecnológica para gerenciamento de dados e respostas ágeis, inteligência artificial, jurimetria para o diagnóstico de decisões judiciais recorrentes e a implantação de melhores estratégias processuais.

Como se  todo esse processo de construção já não fosse simples, os escritórios têm enfrentado três crises em uma perspectiva de passado recente: a do Brasil no geral (política e econômica), a da advocacia como um todo pelo infeliz sucateamento da profissão e, agora, a da pandemia mundial da Covid-19).

Crises essas que nos forçam a ser ainda mais detalhistas e atentos ao que nosso cliente empresarial precisa e demanda. Até por sentido de nossa plena sobrevivência. Tem sido este instinto de sobreviver, com uma visão de negócios que nos faz cada vez mais competitivos, é que acredito ser este o novo normal da advocacia empresarial.

E é com esse espírito, de avançar frente aos vícios que têm deixado todos os escritórios iguais — oferecendo serviços como verdadeira commodities enquanto que, ao mesmo tempo, tornam-se mais um peso para seus clientes corporativos do que um parceiro que oferece soluções —, que gostaria de convidar a todos os escritórios de advocacia corporativa a refletirmos juntos sobre o futuro do nosso segmento.

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