Bons costumes

Sob vaias e aplausos, Deltan reza e dá lição de ética a aficionados

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25 de outubro de 2019, 12h44

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Dentro do teatro, Deltan foi aplaudido
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Entre as vaias de quem estava do lado de fora e gritava "Lula Livre" e os aplausos efusivos de parte dos presentes dentro do teatro municipal de Santo André (SP), o procurador da República Deltan Dallagnol, antes de começar sua palestra desta sexta-feira (25/10), fez uma breve “meditação” ao ouvir: “Deus colocou as autoridades onde elas agora estão para o nosso bem. Devemos orar por eles, pelas autoridades”, anunciava o capelão da Fadisa, organizadora do evento.

O chefe da força-tarefa da "lava jato" em Curitiba, bombardeado recentemente pelo vazamento dos diálogos entre integrantes do consórcio por meio do aplicativo Telegram, pautou a imprensa presente no evento, conclamando a uma pressão maior sobre "os investigados".

As manifestações negativas desta sexta foram menos enfáticas do que as que Deltan recebeu no último sábado (19/10) em Porto Alegre. Na capital gaúcha, o procurador abandonou o evento, onde daria a mesma palestra.

Na desta sexta, a organização do evento agiu rapidamente: logo na entrada de Deltan, acionou o "Hino Nacional", tocado em pleno volume, abafando os gritos dos que estavam de fora e também das vaias de alguns presentes nas cadeiras do teatro.

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Fora do teatro, Deltan foi vaiado
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Mas o teatro ufanista também emocionou alguns apoiadores fervorosos, que o aplaudiram com força no que viam ali se materializar num “novo Brasil”, profetizado em eventos muito bem pagos ao agente federal, pelos quatro cantos do Brasil, conforme revelaram algumas reportagens baseadas nos vazamentos.

Mas Deltan fez questão de dizer na palestra que é péssima a ideia de que "existem heróis na 'lava jato'". Também se defendeu das acusações de que as investigações da força-tarefa tivessem motivação partidária.

Ignorou que o que se discute agora nem é mais projeto ou favorecimento partidário, mas sim benefícios próprios, para os agentes do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sergio Moro, agora ministro da Justiça. Pudera, nem foi questionado.

Falou basicamente sobre combate à corrupção, que deveria ser, na visão dele, o foco no julgamento do STF sobre a execução antecipada da pena. Ao fim, saiu rapidamente sem prestar contas à imprensa presente.

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