Por "consideração", corregedor-geral do MPF deixou de investigar Dallagnol
8 de agosto de 2019, 10h34
Após o procurador da República Deltan Dallagnol divulgar que faria revelações inéditas sobre a "lava jato" em uma palestra com ingresso pago, o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho, criticou informalmente a conduta do colega.
O caso ocorreu em julho de 2017, segundo conversas divulgadas nesta quinta-feira (8/8) pelo jornal Folha de S.Paulo, em conjunto com o site The Intercept Brasil. Na ocasião, Chateaubriand Filho expôs a reprovação ao procurador, que então mudou a forma de divulgação da palestra. O corregedor admite que não tomou o procedimento formal por gostar de Dallagnol.
“Só quero lhe dizer q liguei em consideração a vc e ao Januário [procurador Januário Paludo]. Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz”, afirmou.
Os diálogos entre Dallagnol e Hindemburgo no aplicativo Telegram também apontam que eles acertaram extraoficialmente, em agosto de 2017, que o procurador da "lava jato" não iria apresentar formalmente à Corregedoria a lista de empresas para as quais deu palestra remunerada, para evitar a repercussão negativa da eventual indicação dos contratantes.
Em outra conversa fora dos autos de um processo, Dallagnol perguntou a Hindemburgo se ele gostaria de ver, de forma antecipada, as informações que iria prestar ao próprio corregedor-geral em uma apuração, e abriu espaço para que a autoridade orientasse a resposta dele.
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