Opinião

Presença de Teori Zavascki era fundamental para o Brasil

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  • Raul Cutait

    é professor do departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da USP e cirurgião do hospital Sírio Libanês.

20 de janeiro de 2017, 18h33

Conheci o ministro Teori Zavascki há vários anos através de uma janela mágica da vida, que é aquela criada na relação do médico com seus pacientes e familiares. Desde que passei a cuidar de sua esposa, fomos desenvolvendo uma crescente e sólida relação pessoal. De atividades distintas, mas que mexem com a vida das pessoas, encontramos muitos pontos em comum para ricas conversas.

O Teori era um indivíduo extremamente reservado do ponto de vista profissional; nunca trocamos uma única palavra sobre o tema "lava jato". Aliás, ouvi comentário semelhante do ministro Eros Grau! Por outro lado, ele não hesitou em discutir comigo a questão da judicialização na saúde.  Ao lhe propor que essa conversa fosse mais abrangente, com a participação de gente do governo e de entidades médicas afins, ele não só mostrou-se de acordo, como demonstrou seu agrado por poder se aculturar no tema, aprendendo com quem estava na linha de frente.

Sua intensa e desgastante rotina não lhe permitia relaxar, não o premiava com tempo livre, mas isso não impediu que saíssemos para almoçar, jantar, ou simplesmente tomar uma taça de vinho no final do dia em algumas das vezes que ele vinha para São Paulo, quando falávamos da vida, das famílias, do Brasil. A última dessas foi em dezembro, quando ao sair correndo para o aeroporto, de volta a Brasília, deixou combinado um almoço em casa para janeiro ou fevereiro. Não deu.

O Brasil perdeu uma de suas mais ilustres figuras, num momento onde sua presença no cenário judiciário era fundamental. Com discernimento, competência, dedicação e discrição, Teori estava fazendo a diferença. Como brasileiro e como amigo, sentirei sua falta. 

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