Morre Cachapuz de Medeiros, especialista em Direito Internacional
16 de setembro de 2016, 9h33
Em sua carreira, o gaúcho nascido em Uruguaiana, atuou na Corte Permanente de Arbitragem, em Haia, na Holanda, e na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Como Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores, ele chefiou delegações diplomáticas brasileiras que negociaram tratados internacionais como o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre o Brasil e Portugal, e o Estatuto da Igreja Católica no Brasil, sendo condecorado por sua participação.
Foi membro da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul e presidente do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul entre 1986 e 1989. Autor de diversas obras, entre elas O Poder de Celebrar Tratados (1995) e Pareceres dos Consultores Jurídicos do Itamaraty (2000).
Colunista da ConJur, o professor da Universidade de São Paulo Otavio Luiz Rodrigues Junior lamentou a morte do colega. "Um grande internacionalista, que honrou a tradição dos consultores jurídicos do Itamaraty, cargo que ele ocupou com enorme competência", afirmou.
Segundo o advogado, professor também da USP e ex-consultor jurídico do Itamaraty, João Grandino Rodas, Cachapuz pode ser descrito como um "grande cultor e pesquisador de Direito, mormente de Direito Internacional, a que dedicou toda a sua vida".
O advogado Lenio Streck ressalta a integridade e lealdade Cachapuz de Medeiros ao narrar um episódio ocorrido entre eles: "Em 1984 havia tido um atrito com Cachapuz, então diretor da revista dos OAB-RS. Em 1985 me vi frente à frente com ele na prova oral do concurso do Ministério Público estadual. Como um lorde, avaliou-me como se meus xingamentos a ele um ano antes não haviam acontecido. Deu-me uma lição de ética. E 11 anos depois toca o telefone e eu, já doutor em direito, sou convidado por ele para iniciar o projeto de mestrado da Unisinos. Além de tudo, um intelectual".
*Notícia atualizada às 17h45 do dia 16 de setembro para acréscimos.
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