Segurança Pública

Polícia demitiu 219 integrantes no ano passado

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15 de abril de 2011, 11h14

Aumentou o número de policiais civis expulsos da instituição em São Paulo. Números da Secretaria da Segurança Pública obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo mostram que foram 219 demissões na Polícia Civil no ano passado — mais que o triplo dos casos registrados em 2009 (64).

Na lista estão delegados, investigadores e escrivães demitidos por variados tipos de irregularidade, como crimes de corrupção. Já as demissões na Polícia Militar seguiram no sentido contrário nesse mesmo período: de 259 para 229. É a primeira vez na última década que as demissões nas duas polícias ficam praticamente empatadas.

Historicamente, o número de demissões na PM sempre foi maior, até porque a diferença entre os efetivos das duas polícias é muito grande. A PM tem mais de 95 mil homens, enquanto a Civil tem cerca de 35 mil (incluindo a Polícia Científica).

Em 2004, por exemplo, a cada policial civil demitido em São Paulo, quatro PMs também foram exonerados.

Esse aumento de demissões na Polícia Civil coincide com a mudança na Corregedoria — órgão responsável por investigar a atuação dos policiais. Em 2009, ela deixou de ser subordinada ao delegado-geral e passou a responder diretamente ao secretário da Segurança.

A presidente da associação dos delegados, Marilda Pinheiro, disse concordar com o fortalecimento da Corregedoria e que a polícia deve mesmo "cortar a própria carne", mas afirma que pode estar havendo "excessos".

"Parte das demissões está sendo revertida na Justiça", diz a delegada, que afirma não ter números sobre isso. O subcorregedor da PM, tenente-coronel Edson Silvestre, disse que a instituição é muito rigorosa. "Desafio qualquer um a mostrar uma instituição que demitiu mais do que a PM de São Paulo".

Para José Vicente da Silva, especialista em segurança, o crescimento de expulsões na Polícia Civil é reflexo da mudança da política adotada pela cúpula da instituição.

Antes, segundo ele, a política era demitir um policial civil só após uma decisão da Justiça. "É um absurdo, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra", disse.

Com isso, continua, os casos passaram a ser concluídos. "Aumentaram muito as demissões porque tiraram as teias de aranha dos processos parados indevidamente na Corregedoria. Havia uma tolerância muito grande com infratores da lei e da ética."

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