Os livros da vida da professora Flavia Piovesan
30 de dezembro de 2009, 7h38
Desde os primeiros livros que folheou em sua vida, Flavia Piovesan encontrou traços de Direito, Justiça e liberdade nas histórias. A professora e procuradora do estado de São Paulo, dedicada a estudar os Direitos Humanos, contou para a revista Consultor Jurídico quais são as obras que influenciam até hoje a sua maneira de refletir sobre as mudanças do mundo moderno.
Fã confessa de poesia, ela se dedica a colecionar a bibliografia dos mais importantes nomes da literatura nacional e internacional. Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Dostoiévski estão entre os seus favoritos. O mundo do Direito começou a encantá-la já no ensino médio, quando passou a ter noção de socialismo e democracia por Norberto Bobbio. Hoje, a professora se dedica aos pensadores que refletem sobre as transformações do mundo.
No trabalho, a professora doutora da PUC de São Paulo e do Paraná divide seu tempo entre a Procuradoria do Estado de São Paulo e as aulas e palestras que ministra ao redor do mundo pela Organização das Nações Unidas.
Primeiro livro
Literatura e Romances
Interesse Jurídico
Foi ainda no ensino médio, que a professora se encantou com a obra de Norberto Bobbio, Liberdade e Igualdade. “Cheguei nesse autor porque naquela época eu me perguntava quais eram as intenções do socialismo, qual seria o futuro da democracia e quais eram as regras do jogo”. Prestes a prestar o vestibular, a obra lhe serviu de estímulo para cursar do Direito e partir para um estudo aprofundado sobre a ótica dos valores, a ideia da Justiça, de liberdade, de como lapidar um estado de direito em que os direitos sejam realmente respeitados. “Eu queria entender porque as regras podem ajudar a termos uma sociedade mais justa”, conta.
Flavia afirma que, desde sempre, foi coerente com suas bandeiras. Seja na literatura ou na poesia, ela sempre se apegou ao texto que a ligavam à Justiça, liberdade e outras complexidades do ser humano.
Leio e recomendo
Pelo amor confesso à poesia e, também, por ter uma filha de dois anos, Flavia conta que o poeta Manoel de Barrros tem tomado muito seus dias. “A poesia dele abre para o mundo do lúdico, do infinito e mundo da criança dá direito ao infinito. É um ressignificar constante”. Para a professora, Barros expressa tudo isso com muito talento e maestria.
Em consonância com sua luta pelos Direitos Humanos, Piovesan cita três autores que são sede para que se faça uma avaliação sobre a transformação do mundo hoje. Um deles é o indiano, nobel em ciências econômicas, Amartya Sem, que tem entre suas principais publicações o Desenvolvimento como Liberdade. Flavia também indica o pensamento de Joseph Stiglitz, economista norte-americano, que reflete sobre o desafio e metas do século XXI. Sua obra mais conhecida é A Globalização e seus Malefícios, de 2002. O terceiro pensador moderno que a professora recomenda é o economista norte-americano Jeffrey Sachs, que aponta soluções para combater a pobreza.
“Esses três autores comungam da mesma ótica. De que maneira potencializar uma ordem mais democrática, mais mais humana, já que a ordem está em construção e inacabada” reflete. Flavia afirma que esses autores partem do princípio de que devemos romper uma visão acomodada, que trivializa as injustiças.
Música
A música clássica é a paixão de Flavia Piovesan. Sem hesitar, a professora afirma que sua música favorita é Canon Pachelbel. Uma das mais conhecidas composições de Johann Pachelbel do século XVII. “É uma música que vale a pena ser ouvida. Uma das que eu mais gosto. É como um banho de cachoeira, que lava a alma”.
Filme
O vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, A Partida, está em primeiro lugar na seleção de filmes de Flavia Piovesan. O drama japonês com direção de Yojiro Takita chegou aos cinemas brasileiros este ano. No filme, um homem tem o sonho de tocar violoncelo e se endivida para comprar o instrumento. Sem ter como pagar, acaba devolvendo o instrumento e partindo para um trabalho melhor remunerado: assistente de agente funerário, em que prepara os mortos para uma despedida digna. “É um filme profundo e delicado, que me surpreendeu pela beleza e também pela lição de vida e morte. Todo mundo que assiste, sai melhor do filme”.
Encontrou um erro? Avise nossa equipe!