Cansei do Cansei

OAB-SP aliou-se a empresários, ao invés de unir-se a advogados

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17 de agosto de 2007, 14h44

A advocacia está comemorando os 180 anos de implantação dos cursos jurídicos no país. Ao longo destes anos, muito se fez pela Justiça, pelo Estado de Direito pleno, pela cidadania, enfim, tudo que represente legitimidade e Democracia para o povo brasileiro.

Vivemos momentos contraditórios, notadamente no século passado. Alternamos momentos de liberdade com ditaduras tupiniquins. Nós, os paulistas, lutamos em 1932 pela implantação de uma constituição democrática. Muitas vidas se foram e outros heróis foram reconhecidos como os valorosos Martim, Miragaia, Dráusio e Camargo.

Nós, os paulistas, somos criticados e até mal vistos por alguns irmãos pouco informados. Sempre batalhamos pelo melhor para o país, muitas vezes com sacrifícios, mas sempre pelo Brasil. São Paulo tem a alma brejeira e singela, aqui temos a síntese de todas as etnias, credos e religiões, mas principalmente, temos uma só voz em defesa dos direitos e garantias de todo o nosso povo brasileiro.

Os maiores juristas pátrios forjaram-se aqui. Rui, Bevilácqua, Gofredo, Reali, Troncoso, Saulo, enfim, uma plêiade de notáveis cada qual em sua área e ao seu tempo. Outros notáveis também se destacaram pelo Brasil afora, o capixaba Ramalhete, o piauiense Evandro, sem esquecer do ícone das liberdades democráticas, Sobral Pinto.

Graças aos nossos cursos jurídicos outras personalidades continuam a surgir, dentro do conceito da boa e melhor cepa. De outra sorte temos acompanhado de tempos a esta data, a tentativa de surgimento e reconhecimento de alpinistas em nosso meio, de forma a apequenar a nossa valorosa advocacia e as nossas instituições, notadamente a OAB paulista.

Participei recentemente do processo sucessório de nossa entidade nas eleições do ano passado encabeçando o movimento OAB-SP — Livre sem Cabresto.

A votação alcançada foi numericamente modesta, mas representativa da indignação dos colegas que pude atingir com a divulgação de propostas impessoais, concorrendo contra o poder econômico que acabou por prevalecer, infelizmente. De qualquer forma valeu e muito agradeço aos que me privilegiaram com a confiança depositada.

Assim, após a calorosa disputa, determinei-me ao silencio, ainda que provisório, de forma a não interferir pelas críticas ao continuísmo implantado por vontade da maioria dos nossos colegas.

Agora, decorridos 8 meses da re-posse da “antiga e nova” gestão, sou obrigado e compelido a manifestar-me pela vontade daqueles que represento, mesmo porque as minorias devem ser respeitadas também.

Lamento verificar a insistência nas práticas proselitistas do nosso presidente continuista, o mesmo que há 3 anos atrás pregava a renovação, diga-se claramente.

Em sua administração, além de nada fazer pelos nossos interesses profissionais, D’Urso especializou-se em apenas tentar projetar-se pessoalmente no mundo político em geral e é o que tem demonstrado insistentemente.

Aliou-se a um grupo de empresários ao invés de unir-se aos seus colegas advogados, e apenas por deleite particular, trombeteia aos quatro cantos seu inconformismo: CANSEI, diz ele. O mesmo podemos dizer ao locador de nossa OAB-SP e aos locatários do nosso subserviente representante: CANSAMOS !!!

Desconhecemos qualquer iniciativa do gestor continuista no sentido de levar ao plenário da entidade o tema para debate e deliberação entre os colegas, para coibirmos o despotismo.

Definitivamente, ainda que admitida como justa a irresignação daqueles empresários aos quais agora prestamos vassalagem, não poderia a OAB-SP, dedicar-se ao proselitismo político com clara conotação partidária.

Ainda que cada um de nós tenha uma predileção política, e é salutar que a tenhamos, não podemos admitir o uso indiscriminado e despudorado da entidade de todos nós advogados, para a suposta defesa de interesses da comunidade, notadamente a empresarial aliada.

Divulgam contrariedades em cima de uma tragédia ocorrida com o avião da TAM, em 17 de julho de 2007, na qual 199 famílias ficaram enlutadas e a nação, perplexa.

Em nenhum momento verificamos a disposição da nossa OAB-SP, em não apenas solidarizar-se aos familiares vitimados, mas, sim, em apresentar-se aos entes angustiados, no sentido de oferecer-lhes os préstimos e suportes jurídicos para o RESPEITO de seus direitos e amparo no alívio de suas dores.

Não, D’Urso, aproveitou-se do mote criado pelo empresariado engalanado e colocou nossa entidade a prestar-lhes serviço de suporte partidário, cabente sim, aos tais líderes políticos de plantão na surda e indolente Brasília, que tanto o encanta.

Tenha lá as pretensões políticas que tiver ou quiser, o que não podemos pactuar é com esta desfaçatez, deslavada e CANSADA. Enfim, restam-nos ainda vários meses de administração continuista e repito, CANSADA.

Não conseguiram nestes meses de “indigestão”, inovar em nenhum segmento ou atividade, apenas aprimoraram-se em seus deleites pessoais.

É, saudades daqueles verdadeiros juristas e brasileiros citados nestas modestas linhas. Hoje, resta-nos o convívio com a mediocridade disseminada nos mais variados segmentos da sociedade.

Conforme consagrado filósofo e Cardeal francês, GAUDI, “quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem, perdem o respeito”. Atentai bem, D’Urso, de sua administração e de seus métodos pessoais, me CANSEI faz tempo, na verdade todos nos CANSAMOS.

Nossa entidade já teve gente que de tão grande, nem precisava ficar em pé, hoje , tão miúda, alia-se a pessoas ditas graúdas e por mais que cresçam e apareçam, permanecem na obscuridade. Novamente RUY, o BARBOSA, “restaure-se a moralidade…..”. Já!

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