Paulistas x cariocas

Jornais de SP contestam escolha de O Globo no Prêmio Esso

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17 de dezembro de 2004, 17h04

Os jornais Folha S.Paulo e O Estado de S.Paulo contestaram em carta conjunta para a Esso Brasileira de Petróleo e para a RP Consultoria de Comunicação, responsáveis pela organização do Prêmio Esso de Jornalismo, os critérios que deram às reportagens de O Globo o prêmio deste ano.

A série contemplada, intitulada “Os homens de bens da Alerj”, relatou a variação patrimonial de 70 dos 113 deputados da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). As notícias foram assinadas por sete repórteres do jornal do Rio.

A reclamação é assinada pelos diretores de Redação da Folha e do Estado, Otavio Frias Filho e Sandro Vaia, respectivamente. Nela, eles criticam a composição do corpo de jurados do prêmio que “não é representativa do mercado editorial do país e tende a favorecer determinados grupos de mídia”.

Frias e Vaia também afirmam que a estrutura atual do prêmio “conspira contra a análise do mérito jornalístico dos trabalhos” concorrentes. Alegam estarem inconformados com “os atuais processos de funcionamento do prêmio e sugerem a discussão de mudanças substantivas para que a premiação recupere o grau de excelência” que imaginam ser também o objetivo da companhia”.

Notícia publicada nesta quinta-feira (16/12) na Folha destaca declaração de Otávio Frias, de que “existe a percepção, em São Paulo e em outros centros importantes do país, que a premiação está por demais sujeita a pressões da mídia estabelecida no Rio”. Já Vaia declarou ter “informações reiteradas da existência de sistemas viciados de votação, que acabam provocando resultados distorcidos”.

O diretor de redação de O Estado de S. Paulo informou ainda que já teria alertado os organizadores do prêmio para a necessidade de que “seja estabelecido o equilíbrio entre a mídia de todas as regiões do país”.

Outro diretor de redação, Eurípedes Alcântara, da revista Veja, acusou o prêmio de “falta de credibilidade” e disse que “não acrescenta nada ao trabalho jornalístico dos nossos repórteres”. As razões seriam “a fraqueza do júri” e a “fraqueza dos critérios”, além da “falta de transparência”. A Veja não participa da premiação.

Em resposta, o diretor da RP Consultoria, Ruy Portilho, disse que o Prêmio Esso vem alterando sua sistemática de julgamento, tendo separado a comissão de seleção da comissão de premiação. Ele declarou ainda que, “se dúvidas persistirem ou sugestões de aperfeiçoamento forem apresentadas”, elas serão examinadas com vistas ao seu esclarecimento e acolhimento.

Este é o terceiro ano seguido em que O Globo é contemplado com o prêmio na categoria principal. O jornal recebeu também outras três premiações, consagrando-se o maior vencedor da noite. A série de reportagens “Morte anunciada: Paraíba do Sul agoniza”, venceu na categoria Regional Sudeste, o caderno “Órfãos da violência” recebeu a premiação de Criação Gráfica – Jornal e a seção “Defesa do Consumidor” recebeu a premiação de Melhor Contribuição à Imprensa.

Foi uma grande surpresa a não premiação da reportagem sobre o caso Waldomiro Diniz feita pela revista Época.

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