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Polícia Federal suspende operação padrão em aeroportos

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4 de abril de 2004, 21h56

Francisco Carlos Garisto, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, a Fenapef, anunciou no sábado o fim da operação padrão em todos os aeroportos do país. “Vimos que estávamos atrapalhando muito a classe média. Nosso objetivo é conseguir o cumprimento da lei 9266/96, que nos daria aumento em média de 25%, não de 85%, como tem-se noticiado por aí. Vamos nos concentrar num outro tipo de greve, a ser anunciado, mas que descarta a operação-padrão”, disse Garisto.

Ele afirmou que foi criada uma central de denúncias, que teria sido montada por delegados da PF para atrapalhar a governabilidade do presidente Lula.

“O ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos classificou de conspiração a reunião dos procuradores Santoro e Serra Azul com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, onde tentaram conseguir uma fita de vídeo que aparece o ex-assessor de José Dirceu, Waldomiro Diniz, pedindo uma “comissão” de 1%. De madrugada, no prédio da Procuradoria Geral da República os procuradores contaram com a participação do delegado da PF Giacomo Santoro (não é parente do procurador Santoro) para pressionar Cachoeira a ajudar a “ferrar” o Chefe da Casa Civil José Dirceu e “acabar” com o governo do PT, conforme disse o procurador Santoro nas gravações reveladas pelo Jornal Nacional da Globo”, revela Garisto.

“A Fenapef investiga a participação do dito delegado federal Giacomo no episódio e queremos as seguintes respostas:

O Diretor Paulo Lacerda sabia das atividades noturnas do delegado Santoro?

O delegado Santoro revelou posteriormente para Lacerda que esteve na inusitada reunião na procuradoria geral?

Foi o delegado da PF Francisco Serra Azul Neto, irmão do procurador Serra Azul — que também estava na reunião com Cachoeira, conforme a Folha de SP – que fez busca e apreensão na GTECH?

Se foi, quem mandou? Ele tinha ordem de missão ou estava trabalhando de free-lancer?

Paulo Lacerda ficou sabendo depois – se não sabia — que o delegado Serra Azul participou das buscas na GTECH? O que fez?”

Para Garisto, “a República dos Delegados não dá folga e mais uma vez se vê envolvida em conspirações e operações que buscam mais o interesse político do que o investigativo, como se deu no caso da Roseana Sarney (o procurador também era o Santoro), a qual depois de renunciar a candidatura à presidência da república foi absolvida de todas as acusações.”

Ele sustenta que “a República dos Delegados já atuou com desenvoltura na eleição residencial passada produzindo um dossiê mentiroso contra o atual presidente Lula unicamente com a finalidade de prejudicá-lo, e se não fosse a Fenapef, as mentiras seriam usadas dias antes da eleição, para não dar tempo de Lula se defender. A trama foi descoberta, mas ninguém foi punido, para eles pode tudo”.

A República dos Delegados, mesmo atuando contra Lula e vários candidatos do Partido dos Trabalhadores durante anos, diz Garisto, “conseguiu se manter no poder até com o PT que atacavam, ironizavam e desprezavam. O diretor geral, delegado aposentado Lacerda foi escolhido por Márcio Thomaz Bastos, mesmo estando há 10 anos no gabinete do carcereiro de Lula, senador Romeu Tuma. Bastos era advogado e Lacerda fazia inquéritos policiais e a amizade entre o investigador e o defensor dos investigados foi crescendo com o tempo”.

Ele prossegue que “a República dos Delegados é autônoma, não tem medo de nada e de ninguém, possuem poderes infinitos de persuasão para exigir aumento salarial sem fazer greve. Não precisam de movimentos paredistas enquanto tiverem os grampos legais por todo o Brasil e os “rigorosos” inquéritos policiais. São independentes e nenhum governo pode com eles, seja de qual partido for.”

Segundo Garisto “a República dos Delegados pode tudo. Pode ter dinheiro da CIA, da DEA “doados” em convênios sem a aprovação da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, em contas particulares, gastam sem controle do TCU. A Receita Federal aceita a movimentação bancária deles de milhares de dólares sem malha fina. Trocam esses dólares no paralelo como se fosse normal e isso há mais de 15 anos, ninguém faz nada.

A revista Carta Capital está cansada de denunciar. A revista IstoÉ também, mas a Republica dos Delegados têm leis próprias e pode tudo”.

Para o presidente da Fenapef “eles agora estão envolvidos na “conspiração” contra Zé Dirceu e o governo do Lula, mas isso é só mais uma ação costumeira que não vai dar problema algum, uma vez que o presidente da República dos Delegados, Paulo Lacerda é blindado, e como diz o ministro Márcio Thomaz Bastos: O Doutor Lacerda pode tudo”.

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