Advogado defende candidatura de Itamar Franco em 2002
10 de junho de 2001, 0h00
O governo federal está vivendo uma de suas mais graves crises. As denúncias de corrupção se avolumam a cada dia, especialmente aquelas denunciadas pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães, envolvendo órgãos federais como a Sudam e o DNER.
Além desta crise ética e moral, o Estado brasileiro está vivendo dias de tensão com o iminente risco do apagão, decorrente de uma política energética equivocada, resultante da falta de diretrizes claras para o investimento no setor, e da falta de chuvas.
Logo, todas essas crises envolvendo o governo federal abrem feridas que dificilmente cicatrizarão até o pleito presidencial de 2002. Tudo isso leva, desde já, os prováveis candidatos a sonhar com a possibilidade de ocupar a Presidência da República.
Durante esta tempestade pela qual passa a administração de FHC, um nome desponta com grande força à sucessão presidencial: é o ex-presidente Itamar Franco. O atual ocupante do Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais, aparece como um nome conciliador para a corrida presidencial, visto que para os eleitores estará ocupando uma posição situada entre os candidatos de situação e oposição, como se construísse uma “terceira-via”.
Primeiramente, o grande problema que Itamar terá que enfrentar está dentro de seu próprio partido. Para sair candidato, terá que contemporizar as diferentes forças que compõe a complexa estrutura do PMDB. Este partido, que hoje faz parte do governo, se continuar sendo conduzido pelo mesmo grupo, tem tudo para tentar emplacar o nome do vice na candidatura governista, especialmente se o candidato escolhido for o ministro José Serra. Entretanto, se o governo FHC não conseguir sair do estado de crise, o PMDB mudará seu rumo, e este caminho tem o nome da candidatura de Itamar. De qualquer forma, vale lembrar que o grupo que apoia uma candidatura própria do PMDB ao Planalto tem o apoio do seu presidente, Maguito Vilela, e ganhou as eleições internas do partido em vários estados, como São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do país.
O governador de Minas Gerais tem a seu favor os fatores mais importantes desta corrida presidencial: ética e honestidade. Itamar é um ex-presidente da República e sobre o seu nome não paira nenhuma denúncia ou suspeita de corrupção. Ao contrário, sua gestão sempre foi pautada por valores éticos. Durante seu termo na presidência, foi instituída, por sua ordem, a Comissão Especial de Investigação (CEI), baseada em um órgão francês de combate à corrupção, que tinha o objetivo de mapear todos os indícios e práticas ilícitas cometidas no executivo.
Foi realizada uma verdadeira radiografia dos diferentes tipos de corrupção nas diversas esferas da administração pública. Faziam parte do grupo, entre outros, o hoje Deputado Émerson Kappaz e o jurista Modesto Carvalhosa, contando com suporte do TCU e procuradores. O primeiro relatório da comissão foi entregue em dezembro de 1994. Já em final de mandato, Itamar Franco deixou para o presidente FHC a incumbência de dar seguimento às investigações e decidir o que fazer com o que já havia sido apurado.
O material foi reunido em 40 caixas de papelão. Aos 20 dias de seu primeiro governo, o presidente FH extinguiu sumariamente a comissão e até hoje não se sabe ao certo onde está reunido este material. Hoje, o governo corre atrás do tempo perdido com a criação da Corregedoria-Geral da República, um órgão vinculado à Presidência.
As circunstâncias são favoráveis a Itamar. O governador implementou um projeto elétrico audacioso em Minas Gerais e hoje o estado está preparado para a crise de energia, logo, Itamar não é apenas um homem de sorte. Hoje, sua candidatura oscila entre 8% e 13%, mas podem receber um gradativo aumento com importantes adesões, como significativos políticos nordestinos, paulistas e gaúchos. Somando o potencial eleitoral destas alianças com os votos de Minas e uma possível aliança com Ciro Gomes, o governador mineiro se torna um candidato em potencial. Como toda esta conjuntura tem grande chance de sucesso, o ex-presidente se apresenta com possibilidades reais de chegar novamente ao Palácio do Planalto. O fator Itamar não pode ser subestimado, pois já uma realidade.
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