A celeuma do diploma

Diploma: juízes repudiam críticas de professor de jornalismo.

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14 de novembro de 2001, 8h20

O diretor da Associação de Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajufesp), Omar Chamon manifestou, nesta quarta-feira (14/11), o repúdio de sua entidade ao artigo “Diploma dispensável”, do professor de jornalismo Aílton Segura.

Em seu texto, Segura afirmou que a juíza Carla Abrantkoski Rister, ao suspender, liminarmente, a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão “comete, acredito que por ignorância, a insânia de afirmar que ‘o jornalista não requer qualificações profissionais específicas, indispensáveis à proteção da coletividade, diferentemente das profissões técnicas (a de Engenharia, por exemplo), em que o profissional que não tenha cumprido os requisitos do curso superior pode vir a colocar em risco a vida de pessoas'”.

Para o juiz Omar Chamon, o artigo é “deselegante e desrespeitoso”. Além de nada acrescentar ao debate sobre a questão”. O professor Segura, afirma o dirigente da Ajufesp, “transformou uma questão jurídica séria em ataque pessoal gratuito”.

Na opinião do jornalista Márcio Chaer, a eventual ofensa contida no texto de Segura deve ser creditada ao passionalismo com que os jornalistas têm tratado do assunto. “O articulista apenas tentou ser engraçado e isso não é crime”. Grave, em sua opinião, foi o professor “se esforçar tanto para dizer tão pouco”.

Tentando driblar com as palavras, Segura teria se atrapalhado com as idéias. “Ele concorda que escolas não formam jornalistas, mas briga com o fundamento invocado pela juíza”, diz Chaer. “No fundo, o professor apoiou a decisão, mas parece não ter coragem de admitir – embora reconheça que seu raciocínio é paradoxal”.

Sem entrar no mérito do embasamento jurídico da decisão, Chaer ironiza a defesa que se faz das escolas e de diplomas de jornalismo, assinalando que se os cursos vendidos no mercado tivessem alguma utilidade, seria possível distinguir, na prática, um diplomado de quem não é. “O que não acontece hoje”, argumenta.

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