Marketing jurídico

Blogs sobre a área de atuação de cliente fazem sucesso

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30 de novembro de 2012, 14h30

Muitos advogados americanos já se convenceram de que publicar blogs na internet resulta em mais clientes para o escritório. Via de regra, escrevem sobre temas de sua área de especialização, o que a percepção geral sempre indicou ser a melhor técnica. Mas uma nova ideia tende a mudar esse conceito. Pode dar mais resultados escrever sobre a área de especialização do cliente.

Um bom exemplo disso aconteceu em Filadélfia, por acaso. Segundo o site philly.com, o advogado Michael Savett começou a escrever um blog dedicado exclusivamente a alimentos que contêm glúten, uma substância proteica de cereais. O assunto não tem a ver com a área de atuação do advogado, que é especializado em seguros. Ele passou a escrever o blog porque seu filho de 11 anos morreu de doença celíaca, um distúrbio autoimune disparado pelo consumo de alimentos feitos de trigo, cevada e centeio.

Savett se tornou um especialista em alimentos que contêm e que não contêm glúten. Em seu percurso, foi descobrindo outros produtos alimentícios que podem fazer mal ou podem fazer bem à saúde das pessoas. Na condição de advogado, também examinou os aspectos jurídicos de alguns problemas. Sem que isso fosse planejado, ele se tornou "o advogado que entende tudo de alimentos", para empresas da área de alimentação e para o público em geral.

"É uma estratégia muito boa de marketing", diz o especialista Fox Rothschild. "Empresários de todos os portes e cidadãos comuns fazem suas próprias pesquisas de mercado online e topam com blogs relacionados ao que buscam. Você vê empresários, executivos de grandes empresas e assessores jurídicos das corporações buscando por advogados que entendem os negócios de suas empresas".

No mundo das grandes corporações, onde o caminho normal é fazer parceria com grandes bancas, sobra às firmas de pequeno e médio porte, bem como aos advogados autônomos, encontrar o seu nicho de mercado — ou o nicho do nicho.

Para chegar a um nicho específico, como, por exemplo, restaurantes, é melhor escrever sobre cozinha, as atividades do ramo e tópicos relacionados, do que sobre legislação tributária. Isso se o propósito é conseguir visibilidade na internet e ser lido por empresários do setor, diz o site.

Foi o que fez o advogado Hayes Hunt, que escolheu restaurantes e empresas que fornecem produtos e equipamentos para essas firmas como seu nicho de mercado. Ele publicou, por exemplo, uma sessão de perguntas e respostas com o célebre chefe de cozinha Jose Garces. Certeza de leitura. Mas escreve também sobre soluções jurídicas para os restaurantes afetados pelo furacão Sandy, por exemplo.

Em um workshop sobre marketing para advogados, ele aprendeu que um blog tem de ser, antes de tudo, interessante. Aplicando a regra, conquistou muitos clientes e já foi convidado para fazer palestras — muitas vezes, em um jantar. Ressalve-se que seu objetivo, nos Estados Unidos, é mais fácil de ser atingido do que no Brasil. A maioria das pessoas que pretendem abrir uma empresa no país faz cursos de negócios. Nesses cursos, os futuros empresários aprendem o que é necessário para abrir e manter um negócio. Uma providência indispensável, se aprende, é contratar um advogado permanente para a empresa, da mesma forma que se contrata um contador.

Um ponto importante nessa ideia de escrever blogs sobre a área de atuação dos clientes, em vez de escrever sobre temas eminentemente jurídicos, é a linguagem. O texto não é jurídico. A terminologia deve ser popular, fácil de entender, mesmo quando o assunto é jurídico. E a profundidade da discussão é dispensável. "Em matéria de relógios, tudo que um empresário precisa provavelmente saber é o horário. Ele não está interessado em saber da história da fabricação suíça de relógios", diz o consultor Cordell Parvin.

O estilo jurídico é mais apropriado quando o blog do advogado é dirigido a colegas de profissão. Um exemplo de público-alvo jurídico é o formado por assessores jurídicos de grandes corporações, que contratam advogados especializados para solucionar algum problema da empresa. E também grandes bancas de advocacia, que podem fazer a mesma coisa para solucionar um problema específico de um cliente. "Mas só use uma linguagem eminente jurídica e complexa, se seu público-alvo for desembargadores e ministros dos tribunais superiores", diz ele.

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