Foro íntimo

Titular da 13ª Vara Federal de Curitiba se declara suspeito para ações da 'lava jato'

 

25 de junho de 2025, 19h53

O juiz Danilo Pereira Júnior, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, declarou-se suspeito nesta terça-feira (24/6) para atuar em processos da finada “lava jato”. No despacho, o julgador alegou “razões de foro íntimo” e citou seu trabalho como juiz convocado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Titular 13ª Vara Federal de Curitiba, Pereira Júnior se declara suspeito para ações da 'lava jato'

Danilo Pereira Júnior assumiu o comando da 13ª Vara em novembro de 2023

“Em razão de fatos supervenientes e com o retorno da atividade jurisdicional junto à esta 13ª Vara Federal, após convocação para atuar em auxílio à presidência do TRF-4, declaro, por razões de foro íntimo, minha suspeição para atuar nos processos relacionados à ‘operação lava jato’ e feitos conexos”, escreveu ele.

A manifestação segue o artigo 145, parágrafo 1º, do Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) e o artigo 3º do Código de Processo Penal (Lei 3.689/1941).

O Conselho de Administração do TRF-4 aprovou a transferência de Danilo Pereira Júnior para a 13ª Vara Federal de Curitiba em novembro de 2023. Sua escolha para o comando da vara que concentrou os processos da “lava jato” curitibana seguiu o critério de antiguidade. Ele ingressou na magistratura federal em 1996, atuou como juiz auxiliar no gabinete do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, até 2014 e substituiu alguns membros do TRF-4 durante suas férias.

Histórico

Seguidor de Sergio Moro (antigo titular da 13ª Vara), Pereira Júnior chegou a ser escolhido para sucedê-lo em 2020. A manobra foi uma tentativa dos procuradores lavajatistas de estender a “operação” quando Moro deixou o posto para virar ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Na ocasião, ele chegou a trocar mensagens com Deltan Dallagnol, coordenador da “lava jato” de Curitiba, sobre a possibilidade. No entanto, ele não pôde se transferir porque já chefiava uma vara criminal e o Regimento Interno do TRF-4 impede a transferência de juízes entre varas com a mesma especialidade. Os procuradores até tentaram convencer o tribunal a fazer vistas grossas sobre o impedimento, mas não deu certo.

Já no cargo, em abril de 2024, o juiz foi afastado pelo Conselho Nacional de Justiça, ao lado da juíza federal Gabriela Hardt e dos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima.

Thompson Flores, Flores de Lima e Danilo Pereira Júnior foram alvos de reclamação por causa da decisão que afastou o juiz Eduardo Appio, que ocupou a 13ª Vara anteriormente.

O então corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, argumentou que a medida impulsionou “processos que estavam suspensos por força de decisão do eminente Ministro Ricardo Lewandowski e utilizaram-se, como fundamento de decisão, prova declarada inválida pelo STF”.

A suspeição de Appio acabou culminando na anulação de decisões que ele havia proferido, como nos casos do advogado Tacla Duran e do suposto operador Raul Schmidt Felippe Júnior.

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Processo 5021142-98.2025.4.04.7000

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