STF retira sigilo da 'Abin paralela'; PF aponta Bolsonaro e Carlos como líderes
18 de junho de 2025, 19h15
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo a respeito das investigações da chamada “Abin paralela”, em relação a um suposto uso indevido da instituição para monitorar autoridades e disseminar notícias falsas. Entre os documentos com acesso liberado, está um relatório da Polícia Federal a respeito do caso. Na apuração, a PF considerou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), como lideranças da tal organização paralela.
Ambos seriam membros do “núcleo político”, pelo qual teriam obtidos vantagens ilegais e tentado manipular as eleições presidenciais de 2022.

Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro teriam liderado ações da Abin Paralela
“Composto por figuras de alto escalão do governo à época, incluindo potencialmente o então Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO e seu filho, Vereador CARLOS NANTES BOLSONARO. Este núcleo foi o responsável por definir as diretrizes estratégicas da ORCRIM, determinar os alvos das ações clandestinas (opositores, instituições, sistema eleitoral) e se beneficiar politicamente das operações. Era o centro decisório e o principal destinatário das ‘vantagens’ ilícitas (manutenção no poder, ataque a adversários)”, diz trecho do relatório.
Apesar disso, a investigação colocou Bolsonaro como “foi o principal beneficiado pelas ações da estrutura paralela”, desde a posse de Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal e réu junto ao ex-presidente em ação no Supremo, como diretor-geral da Abin.
Ramagem e Bolsonaro respondem a processo por tentativa de golpe, citada também no documento da polícia. “A análise dos elementos obtidos no curso da presente investigação e no ‘Inquérito do Golpe’ demonstrou que, no ano de 2022, diversos agentes públicos em diversos órgãos passaram a atuar com o desiderato de influenciar no processo eleitoral, com o objetivo de manter o então Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO no Poder”.
Além de principal beneficiário, o ex-presidente também seria o centralizador “das ações clandestinas”, visto em mensagens enviadas por Ramagem com títulos como “Bom dia Presidente.docx”, “PR Presidente”, e “Presidente 2.docx”.
“Estas são evidências que corroboram a concorrência do então Presidente da República das ações delituosas perpetradas na ABIN”, segundo a polícia.
Carlos, em mais de uma ocasião, declarou ser responsável pelas redes sociais do pai, conforme nota o documento da PF. A investigação narrou os ataques, feitos também pelas redes sociais, às urnas eletrônicas e capacidade on-line para mobilizar apoiadores.
“A ofensividade da campanha de desinformação relacionada ao sistema eletrônico de votação, possui marco significativo na presente apuração, qual seja, a live do ex-presidente JAIR BOLSONARO realizada em 04/08/2021, um mês antes das agressivas manifestações de 07/09/2021”.
Sigilo levantado
Alexandre justificou a retirada de sigilo por conta de vazamentos na mídia. “Em que pese o sigilo dos autos, lamentavelmente, vem ocorrendo inúmeros vazamos seletivos de trechos do relatório apresentado pela autoridade policial, com matérias confusas, contraditórias e errôneas na mídia”.
“Para evitar a continuidade de vazamentos seletivos e prejuízo à instrução processual, DETERMINO O LEVANTAMENTO DO SIGILO”, afirmou, mas manteve em segredo documentos como dados bancários dos investigados.
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