'Não há processo sem defesa', diz Nélio Machado no STM
18 de junho de 2025, 14h18
Na última semana, o Superior Tribunal Militar reinaugurou a Sala dos Advogados — Doutor Lino Machado. O criminalista foi o escolhido como homenageado por ter defendido mais de 400 presos políticos durante a ditadura militar brasileira. O filho de Lino, Nélio Machado, falou sobre a importância da advocacia mesmo nos períodos caracterizados pela ausência de direitos.

Nélio discursou na reinauguração da sala que homenageia seu pai, o criminalista Lino Machado
“Não há processo sem defesa. E o advogado não precisa, necessariamente, defender uma tese absolutória. Pode defender uma tese proporcional. Nós vivemos sem Habeas Corpos nessa corte, mas recebiam petições que eram, de certa forma, traduzidas em HCs, para localizar os seus clientes torturados, e isso dava um pouco de conforto”, recordou.
Lino defendeu, entre as centenas de presos políticos e perseguidos pela ditadura, o deputado Rubens Paiva. Ele ingressou com um pedido de Habeas Corpus na época do desaparecimento forçado do parlamentar.
O advogado entrou em contato com Eunice Paiva logo depois do sequestro de Rubens e se dispôs a defender a família. O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e premiado no Oscar, retrata, em alguns trechos, a saga de Lino Machado para tentar descobrir o paradeiro de Rubens Paiva, que foi torturado até a morte pelos militares.
Em seu discurso, Nélio Machado lembrou que começou sua carreira atuando, ao lado do pai, na defesa de vítimas e opositores do regime. Mas fez questão de ressaltar que Lino Machado era apenas um dos advogados que se adaptaram ao contexto para exercer a profissão.
“Esses advogados realmente foram primorosos. A Sala Lino Machado não é a Sala Lino Machado, é a sala desses advogados todos”, ponderou.
“Eu estou representando o que ele foi e representando o que vocês todos foram e continuam sendo: vozes que não se calam, perfis que não se dobram, pessoas que não se curvam e que sabem que o nosso papel é esse aqui, é falar, dizer, não se amesquinhar”.
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