MATÉRIA OXIGENADA

1ª Jornada de Direito Desportivo reúne ministros e discute enunciados sobre o tema

 

5 de junho de 2025, 14h18

Foi encerrada nesta quinta-feira (4/6), na sede do Conselho da Justiça Federal, em Brasília, a 1ª Jornada de Direito Desportivo, que reuniu autoridades do meio jurídico, especialistas e representantes do esporte para debater questões centrais da área e propor enunciados jurídicos sobre o tema.

Ao todo, foram admitidas 112 propostas, organizadas em três comissões temáticas, cada uma sob a presidência de um ministro do Superior Tribunal de Justiça. Foram sugeridos 46 enunciados em âmbito trabalhista, 32 na área penal e 34 versando sobre questões tributárias e econômicas.

O ministro Luis Felipe Salomão durante a Jornada

O ministro Luis Felipe Salomão durante a jornada

O evento foi promovido pelo Centro de Estudos Judiciários e contou com a coordenação geral do vice-presidente do CJF, diretor do CEJ e corregedor-geral da Justiça Federal, ministro Luis Felipe Salomão.

A Jornada é inédita e marca um avanço importante na sistematização do Direito Desportivo, área que, segundo o ministro Salomão, tem se consolidado como um ramo autônomo e transnacional.

Na abertura do evento, o ministro destacou o papel do esporte como vetor de integração. “O Direito Desportivo, assim como as moedas eletrônicas ou as práticas de compliance, é um exemplo de um Direito que já não conhece fronteiras”, afirmou.

Destacando o caráter democrático do Direito Desportivo e sua relevância social, o coordenador científico da Jornada, ministro do Tribunal Superior do Trabalho Guilherme Caputo Bastos, ressaltou o ineditismo do evento e os desdobramentos para a sociedade.

“Hoje é uma manhã gloriosa para os operadores do Direito Desportivo. Essa Jornada, além de inédita, é necessária. Temos muitos questionamentos cotidianos que exigem reflexão e sistematização, e a Jornada nos oferece exatamente essa oportunidade”, declarou.

O impacto do encontro também foi exaltado pelo presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Caio Marinho: “A Jornada reflete a seriedade e a ousadia do CJF ao propor o debate sobre temas tão diversos e relevantes. O grande número de propostas recebidas é um indicativo da importância do evento e do interesse da comunidade jurídica pelo Direito Desportivo.”

Na cerimônia de abertura, estiveram presentes também os ministros do Superior Tribunal de Justiça Marco Aurélio Bellizze, Antonio Saldanha Palheiro e Paulo Sérgio Domingues.

Também estiveram no evento o desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (RJ) Rafael Soares Pinto, o secretário-geral do CJF, juiz federal Erivaldo Ribeiro dos Santos, a juíza federal Vânila Cardoso André de Moraes e o juiz federal Otávio Henrique Martins Port, ambos auxiliares da Corregedoria-Geral da Justiça Federal (CG).

Bate-bola: inclusão e responsabilização

A programação foi marcada pelo painel Bate-Bola, que contou com a participação de convidadas(os) de destaque no meio esportivo: a presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Leila Pereira; o medalhista olímpico, Robson Caetano e o medalhista paralímpico e presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado.

O debate teve como tema “O Poder Judiciário e a Justiça Desportiva em campo” e foi presidido pelo ministro Guilherme Caputo Bastos. As perguntas foram conduzidas de forma dinâmica por ministros e magistrados presentes, fomentando uma troca de ideias entre o Judiciário e representantes do esporte.

1ª Jornada propôs enunciados jurídicos sobre Direito Desportivo

Durante o diálogo, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, sublinhou a importância do evento para ampliar a atuação do Poder Judiciário na responsabilização de gestores esportivos que cometem irregularidades.

Ela ressaltou que a responsabilização judicial é essencial para combater a má gestão e promover um futebol mais justo e equilibrado.

“O futebol é paixão, mas também é negócio, emprego e representatividade social. Precisamos de seriedade e de consequências jurídicas para quem age com negligência ou má-fé”, concluiu.

O medalhista olímpico Robson Caetano enfatizou a importância do esporte como ferramenta fundamental para promover cidadania e oportunidades em comunidades historicamente marginalizadas.

Ele compartilhou sua história de superação e ressaltou que “o esporte foi decisivo para que ele tivesse acesso à educação e pudesse se inserir plenamente na sociedade”.

Segundo o ex-velocista, o investimento em infraestrutura e o apoio continuado a jovens atletas são essenciais para garantir que o esporte cumpra seu papel social, indo além da competição e promovendo saúde, segurança e inclusão.

Na mesma linha, o medalhista paralímpico e presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, reforçou a relevância da integração entre esporte e educação, defendendo a escola como base para a formação de jovens atletas e cidadãs(ãos).

Mizael destacou que, sem o suporte adequado, muitas(os) atletas acabam vulneráveis a situações de risco, incluindo problemas de saúde mental e a falta de preparo para a gestão financeira de suas carreiras.

“A educação física nas escolas precisa ser valorizada, com profissionais capacitados e suporte para que o esporte se torne um verdadeiro vetor de desenvolvimento humano e social”, enfatizou. Com informações da assessoria de imprensa do CJF. 

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