Fórum de Lisboa é um 'exercício de cidadania global', afirma Gilmar
4 de julho de 2025, 16h52
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes expressou sua satisfação com o XIII Fórum de Lisboa, que teve seu encerramento nesta sexta-feira (4/7). Para o decano da corte, o evento reafirmou sua “razão de ser” ao proporcionar um espaço plural, erudito e comprometido para pensar o Direito como um instrumento de “libertação humana e progresso social”.

Gilmar falou no painel de encerramento do XIII Fórum de Lisboa, nesta sexta
“O que construímos aqui, ao longo desses dias, é mais do que um seminário. É, desculpem-me a pretensão, um exercício de cidadania global. E é também a expressão de uma irmandade histórica que se reinventa na atualidade: Brasil e Portugal, unidos por laços que o tempo e o Atlântico não desfazem. Mostram, juntos, que a resposta à complexidade não está no isolamento, mas no diálogo, a ser sempre ampliado”, afirmou Gilmar.
O magistrado exaltou os debates promovidos pelo Fórum de Lisboa: “Os 57 painéis trataram de temas cuja atualidade e urgência dispensam maior ênfase”.
Gilmar fez essa avaliação no painel de encerramento do Fórum, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo Lisbon Public Law Research Centre, tendo como sede a Universidade de Lisboa.
Ao lado do decano do Supremo, apresentaram suas considerações finais o ministro do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe Salomão; a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP); o diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Eduardo Vera-Cruz Pinto; e Carlos Blanco de Morais, professor catedrático da instituição.
Evento revigorante
Para a congressista paulista, o evento foi revigorante. Em sua fala, ela contou que deixou o Brasil preocupada com o acirramento do debate público e percebendo um desânimo entre aqueles que, em suas palavras, “estão no serviço público para servir ao público”. No entanto, a experiência que viveu na capital portuguesa deu a ela “esperança”.
“A gente tem desafios gigantescos, algumas diferenças que podem parecer intransponíveis, mas não é com tanque de guerra, com autoritarismo, com violência, que a gente resolve as nossas diferenças. É trazendo mais gente para o debate, é, às vezes, acirrando um pouco o tom da conversa, mas dentro da democracia, construindo pontes, esmiuçando as questões”, disse Tabata.
Eduardo Vera-Cruz Pinto falou sobre o impacto que o evento certamente terá em todos os que dele participaram.
“O Fórum, todos os anos, traz essa esperança para nós que estudamos, damos aulas. (Porque) Depois o Fórum faz com que as nossas aulas, as vossas decisões políticas, as deliberações dos órgãos colegiais, as sentenças do juízes, possam sempre levar em conta qualquer coisa que ouviram aqui.”.
Blanco de Morais, por sua vez, destacou a abrangência do Fórum: “Que encontro este, com mais de três mil participantes, em uma pluralidade de painéis, com diversidade temática e também, sobretudo, com grande pluralismo de pensamento, onde ideais contrárias e diversas puderam, de alguma forma, exprimir-se”.
Em sua fala, Salomão parabenizou os idealizadores do Fórum, Gilmar Mendes e Carlos Blanco de Morais.
“Cabe exatamente para eles a ideia dos ‘semeadores’. Eles, ao longo de um ano inteiro, trabalham, preparam a terra, preparam pequenas sementes que, aparentemente, são muito frágeis, mas que vão brotando com uma vitalidade, uma expressão, e que acabam desaguando neste evento. Cada ano se superando e cada ano trazendo novas fronteiras, novas expectativas, transformando-se em um evento transnacional, em um evento transdisciplinar”, disse o magistrado.
“Nós saímos daqui muito melhores do que chegamos. Porque ouvimos a diversidade, temos consciência de que não somos os donos da verdade, aprendemos, dialogamos. Mesmo com aqueles com os quais não concordamos, mas saímos daqui com, pelo menos, a outra visão, o outro ângulo da questão.”
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