Israel comete 'genocídio a céu aberto' em Gaza, afirma Francisco Rezek
2 de julho de 2025, 18h53
O governo de Israel tem contado com um enfraquecimento generalizado do Direito Internacional para cometer um “genocídio a céu aberto” contra a população palestina na Faixa de Gaza, de acordo com Francisco Rezek, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal e ex-juiz da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Rezek participou do debate “O mundo em conflito: o papel das cortes internacionais”, um dos painéis do primeiro dia do XIII Fórum de Lisboa, nesta quarta-feira (2/7), na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL). A TV ConJur transmite as discussões ao vivo.

Rezek aponta ‘covardia generalizada’ da comunidade internacional
Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, após o evento, Rezek afirmou que a autoridade do Direito Internacional não se sustenta por conta própria porque depende da ação dos governos do momento.
Atualmente, segundo o magistrado, as instituições supranacionais têm sido agredidas diretamente por países poderosos, como os Estados Unidos, e tais agressões contam com a conivência da comunidade internacional, que assiste a tudo de braços cruzados, “numa pasmaceira reprovável e vergonhosa”.
“Estamos em um momento em que esses líderes perderam a noção do primado do Direito. Alguns porque o agridem diretamente, como faz Donald Trump; outros pela covardia generalizada, que, na Europa Ocidental e em boa parte do mundo, encaram a tragédia com naturalidade. Banalizam o mal”, critica o ministro.
Rezek contesta a interpretação de que há uma guerra entre Israel e o grupo Hamas. “O que temos é um genocídio a céu aberto, absolutamente comprovado, começando com aquilo que nem os nazistas conseguiram: a desumanização da vítima para melhor matá-la, para melhor eliminá-la. Isso até agora não acabou.”
Para o ministro, o recente ataque de Israel ao Irã foi um pretexto para desviar as atenções da comunidade internacional dos ataques em Gaza. “O conflito fabricado com o Irã serviu de cortina de fumaça para que o morticínio de palestinos prosseguisse dias a fio. Ele já dura mais de um ano e meio”, lembra ele. “Nós temos de sair dessa. A situação é vergonhosa demais para perdurar.”
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