Sem moderação

Apresentado como ‘paraíso da liberdade’, Telegram é abrigo de grupos criminosos

 

1 de setembro de 2024, 12h30

Embora se venda ainda hoje como uma espécie de “paraíso da liberdade”, o aplicativo de mensagens Telegram se tornou um dos maiores refúgios de chats ilegais, segundo texto publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Aplicativo chegou a ter ordem de bloqueio no país por não moderar desinformação e seguir ordens judiciais

A pretensa liberdade tem custos: a falta de moderação sobre conteúdos fez o aplicativo se tornar um dos favorito de organizações criminosas, grupos terroristas, disseminadores de pornografia infaltil, predadores sexuais e para o uso de de inteligência artificial para criação de conteúdos de deepfake.

No Brasil, a plataforma tornou-se um dos maiores motivos de preocupação durante as eleições de 2022, em parte pela falta de moderação, mas também pela falta de representante da empresa no Brasil, algo semelhante ao que agora ocorre com o X, rede de Elon Musk.

Na quarta-feira (28/8), o empresário Pavel Durov, fundador do Telegram, foi acusado na França de diversos crimes relacionados a atividades ilícitas no aplicativo. Ele chegou a ser preso, mas foi libertado sob fiança e não pode deixar o país.

Segundo a Justiça francesa, a falta de gestão da ferramenta teria facilitado transações ilegais; cumplicidade na distribuição de material de abuso sexual infaltil; tráfico de drogas; e fraude. A empresa também teria se recusado a cooperar com as autoridades, tal como ocorreu no Brasil durante as eleições de 2022.

Panela de pressão

O exemplo brasileiro mostra que o aplicativo só modera conteúdos criminosos quando fica sob pressão. No país, foi preciso que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinasse o bloqueio do Telegram para que a empresa indicasse um representante e passasse a cooperar com o TSE.

O mesmo ocorreu na Alemanha. No país europeu, o aplicativo bloqueou 64 canais considerados desinformativos ou que agregavam discurso de ódio, não sem antes ter sua permanência no país ameaçada.

Antes de ser pressionado, a Alemanha tinha dificuldades para falar com os representantes do Telegram, assim como no Brasil.

Na frança, os promotores afirmam que Durov é responsável pelo surgimento do Telegram enquanto reduto de conteúdo ilegal e que a resistência em moderar o aplicativo impulsiona o crescimento de grupos criminosos. Ele está impedido de deixar o país enquanto ocorrem as investigações.

No Brasil, o aplicativo só passou a moderar conteúdos após o bloqueio. A condição para revogar a suspensão do Telegram no Brasil foi que o aplicativo passasse a moderar os maiores canais; suspendesse a monetização de perfis envolvidos na disseminação de notícias falsas e adotasse medidas para moderar conteúdos criminosos.

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