gritos e humilhações

MPT-SP recebe denúncia de assédio moral de executivos do Pacto Global da ONU

 

30 de outubro de 2024, 21h43

O Ministério Público do Trabalho em São Paulo recebeu uma notícia de fato para apurar supostas violações trabalhistas na Rede Brasil Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas que mobiliza a agenda de desenvolvimento sustentável entre empresas. Ela trata de casos de assédio moral, segundo revelou o portal UOL.

ceo cso pacto global

Carlo Pereira e Otávio Toledo são acusados de assédio moral no trabalho

De acordo com a reportagem, a notificação foi levada ao MPT-SP por 12 trabalhadores que denunciaram violações cometidas pelos atuais CEO e CSO da organização, Carlo Pereira e Otávio Toledo, respectivamente.

O UOL ouviu oito denunciantes e três testemunhas, segundo os quais as condutas dos diretores contêm ordens dadas aos gritos, humilhações públicas e jornadas de trabalho de mais de 12 horas.

‘Eu sou o CEO dessa porra’

As principais denunciantes são mulheres. Em um caso, Pereira teria batido em uma mesa e repreendido uma colega em função do tema de uma reunião. “Eu sou o CEO dessa porra e decido o que é melhor.” Já Toledo teria chamado as colegas de “incompetentes”, “imaturas” e “burras” e desautorizado uma delas porque “só diz bosta”.

Empregados registram reclamações sobre os dois no departamento de recursos humanos e no site do Pacto Global da ONU desde 2022, mas ao menos parte delas foi arquivada após apuração interna da organização. Na ocasião, o CEO teria ironizado publicamente as queixas, que deveriam estar sob sigilo.

O Pacto Global da ONU informou que recebeu novas alegações contra os dois diretores neste mês, quando instaurou um novo procedimento com a ajuda de um escritório externo de advocacia.

Diretores negam abusos

A porta-voz dos denunciantes, a advogada Juliana Bertholdi, disse ao UOL que eles ainda atuam em prol da agenda do Pacto Global por considerá-la essencial para promover transformações sociais.

Carlo Pereira e Otávio Toledo negaram as práticas abusivas: “Tenho plena convicção de que minha conduta sempre esteve alinhada aos valores que defendo”, informou o primeiro deles em nota ao UOL. “Jamais desrespeitei ou humilhei qualquer colaboradora ou colaborador em nosso ambiente de trabalho”, acrescentou o CSO.

Ambos estão agora de férias, enquanto ocorre a nova apuração interna do Pacto Global da ONU.

A ONU Brasil informou ter direcionado denúncias internas à matriz do Pacto Global, em Nova York, nos Estados Unidos. A entidade-sede disse tratar do caso brasileiro com máxima urgência.

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