Sul Global tem papel essencial na transição energética e deve atrair investimento
26 de junho de 2024, 11h37
A secretária-geral da Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio e Desenvolvimento, Rebeca Grynspan, afirmou nesta quarta-feira (26/6) que países do Sul Global, incluindo o Brasil e outras nações da América Latina, têm um papel essencial na transição energética e devem atrair investimentos.

Rebeca Grynspan participou da 12ª edição do Fórum de Lisboa
A declaração foi feita durante exposição na 12ª Edição do Fórum de Lisboa, organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da Fundação Getulio Vargas (FGV Justiça).
O tema da palestra foi a busca por uma maior integração do comércio norte-sul. O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, moderou a exposição.
Em sua fala, Grynspan destacou como tendência atual a volta da política industrial e do protecionismo, com ênfase no setor de energias renováveis e de produtos relacionados a ela, como baterias e carros elétricos.
De acordo com ela, os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, terão papel essencial na transição energética porque detêm a maioria dos minerais necessários para o desenvolvimento da cadeia de energias renováveis.
“A grande maioria dos minerais críticos para a cadeia de valor de energias renováveis está no sul. Alguns países estão aproveitando essas riquezas para alavancar novas políticas de transformação estrutural que levem à alta produtividade e empregos de qualidade”, afirmou.
Ela citou como exemplo a Indonésia, que proibiu a exportação do níquel, em um esforço de construir a indústria de processamento doméstica.
“Chile, Argentina e Brasil são ricos em energias renováveis e minerais críticos para a transição energética e essa é uma grande oportunidade para uma política produtiva”, afirmou.
Mais integração
Quanto ao comércio, Grynspan destacou a tendência de crescimento entre o intercâmbio de produtos e serviços nos países do sul. Segundo ela, se em 1980, 60% do comércio mundial era feito entre países do norte, hoje essa mesma fatia representa 25% do comércio mundial, enquanto o comércio entre países do sul aumentou.
“O auge do Sul Global está levando a uma descentralização do poder econômico e do poder político a nível mundial, que tem sido chamada de ‘poliglobalização’. A poliglobalização responde a um mundo naturalmente mais multipolar e tem o potencial de gerar um crescimento global mais inclusivo”, disse.
Para ela, no entanto, é preciso aumentar reformar a arquitetura financeira para aumentar o fluxo de investimentos nos países em desenvolvimento, tarefa que o Brasil vem liderando no G20.
“O auge do sul global com seu crescente peso econômico e político abre uma janela de oportunidades sem precedentes para o comércio e a cooperação sul-sul. Essa oportunidade, no entanto, não deve ser vista como uma ameaça para o norte, mas como um catalisador para a inovação e o crescimento compartilhado. Em vez de pensar em blocos fechados e rivalidade, devemos abraçar uma visão ampla e colaborativa”, concluiu.
A 12ª edição do Fórum de Lisboa ocorre em Portugal entre 26 e 28 de junho e conta com transmissão ao vivo. Clique aqui para ver a programação completa.
Acompanhe o fórum:
Encontrou um erro? Avise nossa equipe!